Foto: Divulgação/Arquivo
Presidenciável Jair Bolsonaro 22 de outubro de 2018 | 08:14

O lulismo está prestes a ceder lugar ao bolsonarismo, por Raul Monteiro*

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Se o lulismo pode ser definido como o realinhamento eleitoral promovido no país pelo ex-presidente petista pelo qual as classes menos favorecidas, predominantemente nordestinas, saíram do jugo de partidos conservadores como o extinto PFL para idolatrá-lo por meio, principalmente, dos ganhos que tiveram com, entre outros programas sociais, o Bolsa Família, não há porque não dizer que, caso Jair Bolsonaro, o presidenciável do PSL, se eleja no próximo dia 28, como prevêem as pesquisas, o Brasil tem tudo para ver florescer agora o bolsonarismo.

Ele se constituiria de um novo realinhamento eleitoral no país, só que desta vez promovido pela transferência do eleitorado cativo de Lula para o virtual futuro presidente por meio do mesmíssimo estratagema eleitoreiro, que emprega os programas sociais e outros pequenos mimos, como pequenos aumentos no salário mínimo, em benefício dos miseráveis e do mais carentes, como se fossem doações, só para tê-los subjugados ad eternum, pelo menos na expectativa de lideranças populistas como é o próprio petista, e já dá sinais de querer copiá-lo, ainda que por um recorte bem mais à direita, Bolsonaro.

Afinal, é o que deixam antever os vários estudos em curso na equipe do candidato do PSL para melhorar a performance do emprego do famoso Bolsa Família, que pode ganhar até um 13o., nos moldes do mínimo. O que se comenta é que, além de aumentar o atual orçamento de R$ 30 bilhões do programa com o fim de incentivos fiscais para alguns setores, uma das propostas é garantir que os atendidos continuem recebendo até 75% do valor dos benefícios (R$ 188, em média) mesmo que consigam algum trabalho. A Folha deste domingo apurou que estuda-se ainda algo até mais radical.

Seria elevar o valor pago aos que conseguirem comprovar aumento na renda por conta própria e mantê-los no programa até que seus ganhos pessoais ultrapassem um determinado patamar. A ideia, diz o jornal, é que haja incentivo aos beneficiários para que procurem trabalho ou que se estabeleçam como “conta própria”, tipo de atividade que mais cresce hoje no país. Com efeito, a bem-sucedida idéia de Lula, intensificada por ocasião do mensalão, quando perdeu o apoio da classe média que havia lhe garantido a primeira vitória e resolveu fincar pé de vez nas classes mais populares, antes resistentes ao petismo, fez escola e vem sendo acompanhada com lupa faz tempo.

E, caso Bolsonaro, se eleito, como indicam as pesquisas, cumpra o que está prometendo, servirá para mostrá-lo e a seus fiéis seguidores que estas simples medidas serão suficientes para mandar o lulismo para o espaço, já que não será possível viverem dois pais dos pobres no mesmo país distribuindo os mesmos tipos de benesses com o dinheiro que não lhes pertence, sem promover nenhum tipo de emancipação definitiva aos seus beneficiários. Tudo indica que o país assistirá, nos mesmos moldes do populismo que cunhou a popularidade de um, a do outro saltar à estratosfera. Afinal, como dizem os cientistas políticos, não há eleitor fiel, mas o que joga, dentro dos seus limites, sempre a favor de seus interesses.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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