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Prefeito ACM Neto só revelará opção por Jair Bolsonaro depois do primeiro turno das eleições 03 de outubro de 2018 | 10:45

Neto se irrita e cancela viagem com Ronaldo depois de seu pedido de voto em Bolsonaro

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As declarações do candidato a governador José Ronaldo (DEM) pedindo voto útil no presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) no primeiro turno das eleições, neste domingo, ao final do debate de ontem da TV Bahia, abriu uma crise no seio de sua campanha, principalmente no núcleo mais próximo do prefeito ACM Neto (DEM), um dos braços direitos do candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) que foi surpreendido com a fala do correligionário no programa.

Profundamente irritado, Neto chegou a cancelar a agenda que tinha hoje pela manhã com Ronaldo no município de Irecê. Jornalistas perceberam a contrariedade do prefeito ainda ontem na TV Bahia. Depois de ter chegado sorridente à emissora, que é de propriedade de sua família, o prefeito deixou o local em seguida ao pronunciamento de Ronaldo, sem falar com ninguém, diferentemente do que aconteceu no debate da TV Bandeirantes.

No outro evento, Neto tinha acompanhado o candidato na entrada e na saída para o confronto. Imediatamente após o debate de ontem, a assessoria do prefeito soltou uma nota informando que ele não concordava com as declarações de Ronaldo e continuava firme no apoio à candidatura do PSDB. Esta não é a primeira vez que Ronaldo “apronta” com o prefeito em plena campanha.

Há cerca de duas semanas, o candidato fez uma enquete de cima de um palanque em que comemorou a preferência da platéia por Bolsonaro. Ao encerrar o “levantamento”, onde primeiro perguntou sobre Alckmin e depois o concorrente Ciro Gomes (PDT), Ronaldo disse que aquela pesquisa, demonstrando o favoritismo do capitão reformado, era a que importava.

Não contente com a iniciativa, o candidato do DEM passou ele mesmo a impulsionar a divulgação do vídeo com a “pesquisa de palanque” nas redes sociais até que seu marketing percebeu o constrangimento que a medida poderia causar. A situação acabou levando Neto a enquadrá-lo, sobretudo por causa do compromisso político e pessoal do prefeito com Alckmin.

A tentativa de Ronaldo de pongar na popularidade de Bolsonaro é percebida por aliados desde o princípio da campanha, onde vem sendo estimulado neste sentido por dois dos seus companheiros de chapa defensores do nome do capitão reformado, a médica Mônica Bahia, sua vice, oriunda do Movimento Brasil Livre, e o candidato a senador Irmão Lázaro (PSC).

Mas, segundo correligionários, o ex-prefeito de Feira de Santana teria desenvolvido uma verdadeira obsessão para se ligar ao candidato do PSL depois de ter constatado que a estagnação de Alckmin nas pesquisas não colaborava eleitoralmente com ele na Bahia, que também padece do mesmo mal, segundo os levantamentos feitos sobre as intenções de voto ao governo do Estado.

“Percebemos um desejo quase ingênuo de Zé Ronaldo de se ligar a Bolsonaro, desconsiderando que esse processo não acontece por osmose”, conta um importante assessor da campanha do democrata que já desaconselhou ele algumas vezes de caminhar nesta direção. Na semana passada, o candidato andava por uma rua de uma cidade do interior com alguns apoiadores quando avistou uma estrondosa carreata de Jair Bolsonaro.

Ao levantar a vista e ver a barulheira que o grupo fazia, Ronaldo se ergueu e animou todo, revelando a intenção imediata de se incorporar à manifestação do adversário de Alckmin. Apesar da excitação, no entanto, o candidato acabou sendo contido pelos apoiadores, que julgaram que um registro de sua participação no evento não ia pegar bem para ele nem para o prefeito de Salvador.

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