Foto: Divulgação/Arquivo
ACM Neto recebe Alckmin em Salvador nesta sexta-feira para uma atividade de campanha 20 de setembro de 2018 | 07:21

Neto se esforça em trabalho por Alckmin, por Raul Monteiro*

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ACM Neto tem trabalhado com um touro pela campanha de Geraldo Alckmin à sucessão presidencial. Em parte por convicção de que ele é o melhor nome para assumir a Presidência da República, mas também por absoluta certeza de que seria a melhor alternativa com quem se relacionar a partir da Prefeitura de Salvador, na qual terá ainda dois anos de um até agora bem sucedido segundo mandato a cumprir quando o novo presidente tomar posse. O comício de Alckmin programado para esta sexta-feira, no Centro Histórico, faz parte do grande esforço do prefeito de Salvador para ajudar o candidato, que está estagnado nas pesquisas.

Quando o segundo Ibope presidencial saiu e mostrou que a perspectiva de Alckmin decolar estava se revelando cada vez mais difícil, abalando a confiança do pragmático e interesseiro Centrão nas chances eleitorais do tucano, ACM Neto deslocou-se para São Paulo a fim de reforçar o trabalho de convencimento do candidato sobre os líderes do grupo de que nem tudo estava perdido. Pelo visto, os dois ganharam algum tempo, pelo menos até a divulgação da próxima sondagem, período em que Alckmin vai reposicionar sua estratégia, o que inclui alvejar pessoalmente tanto Jair Bolsonaro (PSL) quanto a Fernando Haddad (PT) no horário eleitoral.

Assim como o presidenciável, Neto considera uma temeridade para o país o confronto entre dois projetos que expressam em essência, embora em pólos opostos, um nível de radicalismo em tudo prejudicial à política e à Nação, mas não só isso: visões de política econômica que dificilmente poderão ajudar a reerguer economicamente o país, embora não pareça ao PT e ao nanico PSL e seus respectivos apoiadores, pela maneira com que ambos se portaram até aqui, missão premente de quem assumir o comando do Palácio do Planalto a partir de 2019. As declarações que o prefeito deu ontem durante uma entrega da Prefeitura não escondem sua preocupação.

“Não podemos decidir o futuro do país entre uma facada e uma prisão, precisamos pensar com muita racionalidade. A decisão tomada no dia 7 (de outubro, data da eleição) vai impactar os próximos quatro anos do país. Eu tenho muito receio de ver um segundo turno marcado pelo extremismo. De um lado, a extrema direita, do outro a extrema esquerda. A gente já viu no Brasil em um tempo recente, quando se pretendeu eleger um poste à Presidência, no que deu. Não dá, nesse momento, para a gente aceitar um poste que foi testado e reprovado. Seria a volta à escuridão com o PT”, disse Neto, referindo-se, nada elogiosamente, a Haddad.

Mas sobre Bolsonaro, sua avaliação, do ponto de vista qualitativo, também não é distinta. “(Não dá para aceitar) Muito menos um cara que com 30 anos de parlamentar nada construiu de sólido que a gente possa apontar e que, na minha opinião, não tem experiência, não tem equipe, não tem como governar”, declarou. Em suma, Neto não tem dúvida de que o dilema que uma disputa entre os dois representa é praticamente insolúvel, ameaçando jogar o país ainda mais fundo no precipício em que ele foi deixado pelos governos do PT e de Michel Temer (MDB). Seu objetivo é trabalhar pela saída que considera mais razoável enquanto tiver força.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado hoje na Tribuna.

Raul Monteiro*
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