Foto: Política Livre/Arquivo
Marqueteiro baiano Sidônio Palmeira, com Rui Costa, que caminha para reeleição no primeiro turno, segundo as pesquisas 27 de setembro de 2018 | 09:03

A falta dos marqueteiros baianos, por Raul Monteiro*

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Ah, que falta fazem os bons marqueteiros da Bahia nas campanhas nacionais. Chamuscados por envolvimento promíscuo com os políticos, numa era em que o dinheiro jorrava e abastecia cofres particulares em todos os cantos, proveniente principalmente de escusos negócios empresariais com o poder público, depois da fama estrondosa, eles acabaram sendo forçados a um retiro obrigatório pela Justiça. O resultado são programas no horario eleitoral insossos, às vezes primários, quando não confusos, que dizem pouco ou quase nada a quem por acaso os assiste.

Sua ausência é sentida, principalmente, pela frieza da abordagem e a falta de elementos populares que, por mais que se esforcem, os comunicadores paulistas não conseguem imprimir em seus clientes ilustres, numa prova de que propaganda política é também um produto cultural, de maior complexidade do que a comercial. Felizmente, é possível conviver com o talento daqueles que, rejeitando apelos, fizeram questão de ficar no Nordeste. Responsável por três campanhas vitoriosas consecutivas do PT no Estado – as duas primeiras com Jaques Wagner e a terceira com Rui Costa -, Sidônio Palmeira caminha para mais um sucesso agora, em outubro.

Afinal, não há quem não trabalhe com a esperada reeleição do governador no dia 7, como as pesquisas indicam, mais uma vez em primeiro turno. Precisa, muitas vezes cirúrgica, a comunicação de Rui e de seus aliados está muito bem assentada num conceito, pertencendo a um conjunto harmônico que, dourando o produto para o eleitor, expressa exatamente o necessário, sendo, no que tem de melhor, fácil e muito agradável ao receptor. Próxima da dele em termos de qualidade na formulação, apesar do tempo menor disponível no horário eleitoral, vem a do candidato do MDB, João Santana.

Dos presidenciáveis, Alckmin é provavelmente a maior vítima de sua equivocada comunicação política. Pelo visto, seu marqueteiro não entendeu ou não logrou fazê-lo compreender as evidências espalhadas pelas pesquisas de que está se inviabilizando porque não conseguiu expressar o sentimento antilulista com o qual Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência, passou a se identificar de forma cada vez mais crescente numa eleição onde as emoções jogaram a reflexão, o voto ponderado, definitivamente, para um canto qualquer, impedindo apelos à razão.

Enquanto o tucano tem apenas 10% nesta faixa do eleitorado, entre os brasileiros que não votariam no PT de jeito nenhum – grupo formado por três em cada 10 eleitores -, Bolsonaro cresceu 18 pontos porcentuais desde o começo do mês. O candidato do PSL tem agora 59% das intenções de voto entre os antipetistas – a taxa era de 41% no dia 5 e de 53% no dia 11. Sem ter conseguido encarnar o anti-lula, Alckmin perdeu as condições para tentar convencer quem quer que seja do que as pesquisas antecipam: o antipetista que votar em Bolsonaro vai acabar elegendo Fernando Haddad, um dos que, assim como ele, batem facilmente o candidato do PSL no segundo turno.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje de Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
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