18 abril 2024
Fatos se sucedem mostrando o equívoco em que a campanha de José Ronaldo (DEM) ao governo se meteu quando escolheu o deputado federal Irmão Lázaro (PSC) para candidato a uma das vagas ao Senado em sua chapa.
O primeiro deles se tornou claro logo de partida, quando os partidos se arrumavam em torno da idéia do chapão, convencidos de que, assim, garantiriam a eleição de seus deputados num contexto de evidente escassez de votos do candidato majoritário, mais para ser puxado do que para puxar quem quer que fosse.
A alegação de que a resistência a Lázaro comprometia o chapão, utilizada para forçar sua indicação por aqueles que o inventaram, foi desfeita por um duro golpe do deputado federal e do PSC em José Ronaldo.
A dupla de Deus esperou o anúncio da chapa com o nome do pastor-cantor gospel-deputado ao Senado e marchou, na madrugada, para formar uma chapinha com o PTB, deixando quem acreditava no grande quociente que a coligação geral poderia produzir no mato e sem cachorro.
A desarrumada no grupo foi geral, o que ficou péssimo para a noção de tirocínio de José Ronaldo, com repercussões naturalmente sobre sua capacidade de liderar a própria turma.
Mas o fator Lázaro e sua capacidade desagregadora estavam longe de acabar. A pesquisa do Ibope desta semana que aferiu 8% das intenções de voto para o candidato do DEM, contra 50% do governador e candidato à reeleição Rui Costa (PT), foi outro golpe.
Não apenas colocou a realização de um segundo turno entre os dois no plano do improvável como mostrou que Lázaro, que aparece no levantamento com o equivalente a quatro vezes o percentual de Ronaldo, não agregou nada para o candidato majoritário.
Tudo bem, se não tivesse sido esta a razão maior para sua presença na chapa, segundo argumentava o próprio José Ronaldo, quando os sensatos aconselhavam que seria melhor que o pastor-deputado-cantor gospel fosse colocado em sua vice.
Se o cálculo era eleitoral, seria o único caminho para que as intenções de voto e os seguidores virtuais de Lázaro nas redes sociais pudessem iniciar talvez uma conexão espiritual com José Ronaldo. Mas agora, logo agora, Inês é morta, embora já se saiba que o candidato a senador do PSC bateu no teto.
A miséria pouca seria bobagem não fosse Lázaro também um político destemperado, que já mostrou que não sabe lidar sequer com a imprensa. Confrontado com a informação de que poderia renunciar à candidatura ao Senado, devido ao imbróglio provocado pela chapinha liderada pelo seu PSC, chamou o responsável pela notícia de “capeta”.
Insatisfeito com o ataque, disse que o site do jornalista estava a serviço de Satanás e, o que é grave, incitou, desnudando seu despreparado e o perfil autoritário, os fiéis a partirem pra cima do profissional, inclusive com energia negativa. Onde já se viu?
Percebendo que se tratava de um excesso, o Sindicato dos Jornalistas prontamente emitiu uma bem elaborada nota condenando a atitude anti-democrática do candidato a senador. Quanto a José Ronaldo, não deu um piu. Como daria, se tá amarrado? Tomara que em nome de Jesus!