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PSD, do senador Otto Alencar, é apontado como principal beneficiário do chapão no governo por petistas 06 de agosto de 2018 | 08:02

Dilemas de chapão e chapinhas no governo e na oposição, por Raul Monteiro*

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Deixaram sequelas e causaram muita revolta os acordos celebrados pelos principais partidos baianos envolvidos na disputa estadual para as eleições proporcionais – para deputados estaduais e federais. O curioso é que a insatisfação é grande entre os candidatos às vagas na Assembleia e na Câmara dos Deputados não só na base do governador Rui Costa (PT), como também entre aliados do prefeito ACM Neto (DEM). No caso do time do governo, a indignação maior, ao que parece, foi provocada no seio do partido do governador, o PT.

Vários deputados petistas teriam ficado insatisfeitos com a proposta de chapão, pelo qual as principais siglas da base decidiram fazer uma única coligação para a disputa das vagas na Assembleia e na Câmara dos Deputados. Alegam que o arranjo favoreceu principalmente o PSD, do senador Otto Alencar, em detrimento da reeleição de muitos petistas, que poderão, pelos seus cálculos, ver sua bancada estadual reduzida dos atuais 10 parlamentares para até 4. Até um bode expiatório encontraram no processo: seria o deputado estadual petista Rosemberg Pinto.

Segundo o que dizem alguns petistas, Pinto teria fechado um acordo com Otto pelo qual receberia o apoio do senador para disputar a presidência da Assembleia Legislativa da Bahia, em 2019, em troca de influenciar para que seu partido concordasse com o chapão. Rosemberg, naturalmente, negou qualquer papel no acordo, observando que não teria condição de influir neste nível sobre seus colegas e que, neste período, não conversou pessoalmente com o senador nem sobre este assunto nem qualquer outro.

Para os colegas de Rosemberg, no entanto, pouco importa sua justificativa. A conclusão deles é de que, ao invés de ter fechado o chapão, o partido deveria ter seguido uma das recomendações do governador para que liderasse um grupo de partidos na disputa pelas vagas legislativas, da mesma forma que o PSD deveria ter liderado um outro time. A restrição ao acordo com o PSD ocorre devido ao fato de o partido ter apresentado só 14 candidatos, todos com grande chance de vitória, diferentemente do PT, onde alguns candidatos já pensam até em desistir de concorrer depois de fechado o chapão.

Como miséria pouca é bobagem, as críticas não se restringem ao grupo de Rui. No time do prefeito ACM Neto, a principal queixa diz respeito exatamente ao contrário: o fato de o chapão não ter saído. No grupo, o culpado é o PHS, considerado por muitos como uma invenção do próprio Neto, que cresceu, se desenvolveu e ganhou tamanha autonomia que acabou se aliando ao PPS e ao PV para evitar participar de uma coligação só, liderada pelo PSDB e o DEM. O que todo mundo quer saber é se o prefeito vai concordar com a estratégia do PPS, sem o qual o PHS não poderia ter assumido tanta independência.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado hoje na Tribuna.

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