Foto: Estadão/Reprodução
Nicarágua vive uma onda de protestos desde o dia 18 de abril 24 de julho de 2018 | 17:00

Brasileira é morta a tiros na Nicarágua; Brasil pede explicações

mundo

A estudante universitária brasileira Raynéia Gabrielle Lima, de 30 anos, foi morta a tiros na noite da segunda-feira 23 em Manágua, capital da Nicarágua, segundo a Embaixada do Brasil no país caribenho. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores disse que busca esclarecimentos sobre a morte da estudante e condenou “o uso desproporcional e letal da força” no país. A Nicarágua vive uma onda de protestos desde o dia 18 de abril, quando a população rejeitou uma proposta de reforma da previdência que depois foi abandonada pelo governo. Raynéia era estudante de medicina na Universidade Americana de Manágua (UAM). Ela estava perto de terminar o curso e já fazia residência, informou ao Estado seu pai, Ridevando Pereira. De acordo com informações da embaixada brasileira na capital da Nicarágua, a estudante voltava de carro de um plantão no Hospital Militar Escola Dr. Alejandro Dávila Bolaños e já estava perto de casa, na região da Universidade Autônoma, quando foi atacada e morreu. Mais cedo, em relato publicado no Twitter, a Coordinadora Universitaria, uma agremiação de estudantes de oito universidades nicaraguenses, disse que Raynéia voltava para casa na noite de segunda quando seu veículo foi alvejado perto do Colégio Americano por paramilitares que ocupam a Universidade Nacional Autônoma na capital nicaraguense. O pai da estudante contou que soube da morte da filha por meio de uma ligação da embaixada brasileira. Segundo ele, a família tem poucas informações e está se atualizando pelas redes sociais e pela imprensa. “Estamos em contato com a embaixada para saber alguma coisa”, disse. Raynéia terminaria a residência em fevereiro de 2019. A jovem morava sozinha na Nicarágua há cinco anos. As autoridades do País já notificaram o governo de Daniel Ortega sobre o caso e pediram explicações. A embaixadora nicaraguense em Brasília também deve ser convocada pelo governo, segundo uma diplomata brasileira em Manágua ouvida pela reportagem – até o momento as autoridades da Nicarágua não se pronunciaram. Segundo informações da embaixada brasileira, o reconhecimento do corpo já foi realizado e os resultados da autópsia são esperados para os próximos 15 dias. Ainda não há prazo para que o corpo da estudante seja liberado pelas autoridades e possa ser trazido para o Brasil. A Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos acusam o presidente Daniel Ortega de causar graves violações dos direitos humanos, “assassinatos, execuções extrajudiciais, maus-tratos, possíveis atos de tortura e detenções arbitrárias”. O governo nega as acusações. O país vive a crise sociopolítica mais sangrenta desde a década de 80, quando Ortega também era líder.

Estadão Conteúdo
Comentários