Foto: Divulgação/Arquivo
Zé Ronaldo quer que Lázaro cante e encante na sua vice, onde tem certeza de que os votos do cantor irão realmente para ele 05 de julho de 2018 | 08:14

Ronaldo inicia reposicionamento de Lázaro, por Raul Monteiro*

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A até agora inexplicável e difusa pressão existente em setores do grupo do pré-candidato do DEM ao governo, José Ronaldo, em torno da escolha do cantor evangélico Irmão Lázaro para candidato a uma das vagas ao Senado em sua chapa parece que começa a ser definitivamente canalizada para um aproveitamento mais adequado da força eleitoral que se atribui ao deputado federal. Em conversa recente com Lázaro, Ronaldo, que é considerado um negociador político habilidoso, convidou-o para, ao invés de concorrer ao Senado, disputar a vice em sua chapa.

O pré-candidato ao governo usou dos argumentos mais racionais e convincentes de que dispunha, o mais importante deles aquele segundo o qual, se quer realmente ajudar na sua eleição, o cantor evangélico precisa jogar numa posição em que sua colaboração efetivamente se expresse da maneira eleitoral mais plena. Com isso, Ronaldo quis deixar claro que a única forma de Lázaro assegurar a ele, o cabeça de chapa, o grande potencial de votos que lhe atribuem é disputando uma vaga em que não haja dúvidas de que seu voto cativo irá realmente para o candidato a governador.

Embora pareça óbvio e muita gente não queira – por conveniência ou outro interesse qualquer – perceber, trata-se do inverso do que ocorrerá se Lázaro concorrer ao Senado. Afinal, quem assegura que o eleitorado do cantor evangélico não vai votar só nele, esquecendo-se dos demais membros da chapa, o mais importante deles o próprio José Ronaldo? Na conversa com o representante do PSC, o democrata deve ter lembrado, inclusive, da posição em que muitos defendiam que jogasse quando a candidatura ao governo em jogo era a de ACM Neto, antes de o prefeito de Salvador desistir de concorrer.

Naquele momento, quando havia muita especulação sobre os nomes que Neto convocaria para fazer parte de sua chapa, o de Ronaldo aparecia como certo para a vice exatamente porque, assim, se imaginava que não havia jeito de o eleitorado que o admira em toda a região de Feira de Santana, onde foi prefeito muito bem avaliado, viesse a votar nele, optando por escolher um outro candidato a governador na eleição. Portanto, se a lógica poderia ser aplicada naquele momento para Ronaldo, por que não pode ser utilizada agora na negociação com Lázaro?

O democrata deu seu recado ao deputado federal do PSC de maneira clara. Cabe agora a ele avaliar se vai preferir concorrer de novo a deputado federal ou lançar-se na aventura de disputar o Senado de forma avulsa só por birra, onde o risco de perder é imenso, com o agravante de dinamitar uma ponte importante com as principais cabeças do DEM na Bahia. Afinal, com mais garra do nunca e cada vez mais bem posicionada para participar da chapa no lugar de Lázaro está a vereadora Ireuda Silva, do PRB, que, além de preencher vários requisitos, é dona de uma simpatia singular.

Raul Monteiro*
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