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O ex-ministro da Integração Nacional e pré-candidato ao governo do Estado, João Santana (MDB) 04 de julho de 2018 | 18:20

Pré-candidato do MDB chama Neto de “ingrato”

bahia

A mágoa que a cúpula do MDB baiano guarda do prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, ACM Neto, que desistiu de ser candidato ao governo da Bahia para não ter sua imagem associada aos escândalos de corrupção envolvendo a família Vieira Lima, é o principal entrave para uma aliança nas eleições 2018 entre as duas siglas hoje no Estado. Mesmo com acenos insistentes do pré-candidato do DEM, José Ronaldo, na direção do postulante emedebista, o ex-ministro da Integração Nacional João Santana, a possibilidade de um acordo entre as duas legendas é praticamente descartada para o primeiro turno. “Pode ter certeza que eu desejo o apoio do MDB. Eles têm um candidato e eu tenho de respeitar. Mas, se com o passar do tempo, João Santana entender que podemos ficar juntos, eu receberei esse apoio. Estou trabalhando para isso, porque ninguém fica parado, só poste”, afirmou José Ronaldo ao Estado. Apesar da declaração, atualmente, às vésperas do anúncio da chapa majoritária encabeçada pelo DEM, considerada a principal pré-candidatura de oposição ao governador Rui Costa (PT), aliados tanto de José Ronaldo quanto de João Santana trabalham sem considerar a hipótese de uma união das duas postulações no primeiro turno. Encontros entre os dois pré-candidatos para discutir uma possível composição ocorreram, mas não houve consenso. Além disso, na última semana, emissários do DEM voltaram a procurar o deputado Lúcio Vieira Lima, principal cacique do MDB da Bahia, para consultá-lo sobre uma possível aliança, mas ele rejeitou aderir à postulação de José Ronaldo. Conforme relatos feitos por interlocutores emedebistas à reportagem, Lúcio enviou, como resposta ao contato, a proposta de que o DEM abra mão de ter candidato próprio. Nos bastidores, a pré-candidatura de João Santana é vista como uma forma de impulsionar a votação do deputado federal. “Não temos nada contra José Ronaldo, mas ele anda acompanhado de pessoas estranhas”, afirmou João Santana ao Estado, referindo-se ao prefeito de Salvador. As afirmações públicas de ACM Neto, dizendo que não se aliaria ao MDB caso fosse candidato, irritaram a direção do partido, comandado há décadas pelos irmãos Lúcio e Geddel Vieira Lima – réus da Lava Jato por lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso do “bunker” de R$ 51 milhões; Geddel está preso desde setembro. Para Santana, ACM Neto agiu com “ingratidão”. “Duas vezes nós votamos nele. Como eu sirvo para ajudá-lo a ganhar a eleição duas vezes e logo depois não presto? É um desrespeito você dizer que um partido como o MDB não vale nada. Não nos sentimos traídos, mas a ingratidão tira feição. Nós fomos rejeitados na origem”, afirmou o postulante emedebista, admitindo, entretanto, que “havia uma tendência natural” de apoiar a candidatura do DEM ao governo da Bahia antes das declarações pública do prefeito de Salvador. Já Lúcio nega que haja mágoa com o dirigente do DEM. “Eu não faço política com mágoa. Eu estou pensando em mim, assim como eles estão pensando neles e o PT está pensando em si próprio”, afirmou o mandatário emedebista. É impossível, disse ele, uma aliança com o DEM antes do segundo turno da eleição.

Estadão Conteúdo
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