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Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul assinam acordo para instalar Novo Banco de Desenvolvimento em São Paulo 26 de julho de 2018 | 19:20

Banco dos Brics deve abrir sede em São Paulo em 2019

economia

Os países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) assinaram nesta quinta-feira, 26, acordo para instalação de uma sede do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês) em São Paulo. Ele deve ser inaugurado oficialmente em 2019, com foco em infraestrutura, embora os países já discutam empréstimos a projetos de tecnologia, conforme relatou ao Estado o ministro de Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge. A sede para as Américas funcionará com quatro funcionários – o primeiro deve ser contratado ainda neste ano. Haverá uma representação em Brasília, com mais dois funcionários, que farão interface com o governo federal. Após a confirmação, comemorada pelo Brasil, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, também demonstrou interesse na abertura de uma filial no país. A sede do banco fica na China. “O escritório vai intensificar a aceleração de projetos no Brasil, com o setor público e com o setor privado”, disse o vice-presidente do banco e chefe da área de risco, Sarquis J.B. Sarquis. Atualmente, o banco dos BRICS já aprovou em todos os países U$ 5,7 bilhões em 23 projetos de infraestrutura – água, saneamento, energia lima e transporte urbano – (ainda não desembolsados completamente). O banco pretende captar entre U$ 1 a U$ 1,5 bi em moedas locais fortes em 2018 e chegar a U$ 7 bilhoes em financiamentos aprovados. No Brasil, o objetivo é financiar até o ano que vem cerca de U$ 2 bilhões em projetos e, no futuro, promover empréstimos em moeda local e emitir títulos para estimular o setor privado a investir em obras públicas. Segundo ele, a meta para 2019 é disponibilizar mais U$ 7 bilhões, totalizando U$ 14 bilhões desde a fundação, em 2014, a serem divididos em projetos nos cinco países. “O banco está comprometido a fazer empréstimos em moeda local. Para tanto, o banco pretende emitir títulos localmente. Já o fez na China e deverá fazer em outros países. Estamos nos preparando para fazer na África do Sul e na Índia”, disse ele. Sarquis afirmou que há a expectativa de que todos os países venham a fazer aportes no fundo de projetos do banco, que soma U$ 10 milhões, algo ainda não realizado por Brasil e África do Sul (a parcela é de U$ 2 milhões). Ele também relatou que há menos projetos no País e na África do Sul do que nas demais nações do BRICS. “Queremos que todos os países cheguem no mesmo valor, equitativo nos anos seguintes”, disse o executivo. Na declaração conjunta dos chefes de Estado e governo, os BRICS afirmam que querem “catalisar o setor privado para investir e financiar obras de infraestrutura pública”. Apesar do foco na infraestrutura dos países, que poderá elevar a competitividade das empresas, os ministros de Indústria dos BRICS discutem que o banco possa financiar a aquisição de tecnologia, conforme relatou ao Estado o ministro Marcos Jorge. “Já há uma discussão interna para que o banco possa fomentar também iniciativas da indústria 4.0. Nossa expectativa é que, com o adiantar dos trabalhos entre os países, tenhamos não só o financiamento de grandes projetos como financiamentos voltados para a modernização de nosso tecido industrial”, afirmou. O acordo foi assinado hoje pelos ministros da Fazenda, Eduardo Guardia, e das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, com o presidente do NDB, K. V. Kamath. Kamath disse que um dos objetivos do banco é fomentar a “cooperação sul-sul” e que busca aprovação no ano que vem da nova sucursal em Moscou. O NDB tem atualmente quatro projetos aprovados para o Brasil, que somam cerca de U$ 650 milhões, sendo dois da área de energia, um com a Petrobrás e outro com energia eólica e suporte do BDNES. A expectativa do governo brasileiro é chegar a U$ 2 bilhões até o fim de 2019. A abertura do banco no País aumentará a participação de brasileiros no corpo financeiro. Como a sede fica em Xangai, a maioria dos 1500 empregados atualmente é composta de chineses, indianos e russos, com brasileiros e sul-africanos por último.

Estadão Conteúdo
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