Foto: Agência Câmara
André Vargas 24 de junho de 2018 | 07:45

Ex-petista é apontado como líder entre presos em Curitiba

brasil

A carta escrita de dentro do Complexo Médico Penal (CMP) em Curitiba aponta o ex-deputado André Vargas, que se desfiliou do PT em 2014, como o líder do grupo de detentos que teriam regalias e o principal interlocutor com agentes e a direção da unidade. “Aqui dentro da carceragem do CMP, o líder deles é o André Ilário Vargas, assessorado por João Vaccari Neto e Jorge Afonso Argello (Gim Argello)”, diz o texto que motivou a reabertura de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal sobre suposto esquema de regalias na unidade. Segundo o relato, nas alas 5 e 6, as celas que têm grades e chapas metálicas na porta são abertas pela manhã e fechadas às 17h. Mas, no caso das que abrigam os “Lava Jato”, a tranca só bateria por volta das 21h30. “Por algumas vezes, o funcionário sequer fechou-os durante a noite, assim os cubículos dormem abertos. Isso foge totalmente ao protocolo de segurança do Depen Paraná”, diz o texto. Vargas e Argello caminhariam “soltos” no corredor da ala 6, mesmo quando se institui toque de recolher no local, diz o relato. Os dois teriam ainda a segurança particular de uma dupla de detentos “pitbull” que “entra em ação para resolver qualquer problema que alguma pessoa tiver com um dos ‘Lava Jatos’”. “Na 6.ª galeria, tem quatro presos que são funcionários dos ‘Lava Jato’, prestando serviços exclusivos nos cubículos.” Além de “segurança”, eles teriam “cozinheiro”, que seria responsável por pratos como bacalhau e risotos, e “zelador”. Banhos de sol em horas e dias proibidos também seriam parte das regalias. “Todos se indignam com essa situação”, afirma a carta. Segundo o texto, isso é discutido entre detentos e servidores, mas “ninguém tomou atitude” por medo de represálias. Mais antigo dos presos da Lava Jato no CMP – desde 10 de abril de 2015, após condenação a 14 anos de prisão pelo recebimento de R$ 1,1 milhão em propinas de contratos de publicidade do Ministério da Saúde e da Caixa Econômica Federal –, Vargas busca o direito a passar para o regime semiaberto. A Justiça, que havia concedido o direito, revisou a autorização depois que foi comprovado que o ex-deputado não pagou o valor cobrado como garantia para repor os prejuízos causados com os desvios na Saúde e Caixa. A comprovação de envolvimento em infrações disciplinares pode zerar a contagem dos dias que ele tem a abater, por ter feito cursos, trabalhos e leituras de livros.

Estadão
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