24 de junho de 2018 | 11:06

Efeito ‘meu nome é Enéas’ ressurge, afirma especialista

brasil

“Meu nome é Enéas!” foi a frase que traduziu os sentimentos de preocupação, indignação e raiva nas eleições presidenciais de 1989, 1994 e 1998. Segundo o especialista em marketing político Carlos Manhanelli, o mote de Enéas Carneiro (1938-2007) teria sido o catalisador das emoções negativas durante pleitos passados. “Era algo tão forte que as pessoas começaram a adotar no seu cotidiano, quando diziam alguma coisa mais dura e completavam afirmando ‘meu nome é Enéas'”, lembrou. “Era quase um desabafo, um anseio.” Para Manhanelli, o efeito “meu nome é Enéas” aparece nessas eleições em diversas formas e candidaturas. “O ambiente político está contaminado por essa indignação, mas ela, sozinha, não ganha eleição. O que vai fazer diferença são os projetos, os programas de governo. Esses elementos ainda não apareceram nessa campanha. Por enquanto, está tudo na base das alfinetadas entre os pré-candidatos”, disse. Para o consultor e estrategista político Felipe Soutello, o vencedor da próxima corrida presidencial será aquele que conseguir “transpassar” esses sentimentos negativos. Na opinião dele, esses sentimentos ainda são oriundos das jornadas de junho de 2013. “Desde aquele período, a bússola da política ficou desorientada. As pessoas estão enxergando que o sistema está carcomido por dentro. Então, não é exagero nenhum dizer que todo mundo está um pouco perdido.” Por conta do ambiente conturbado, Soutello acredita que o eleitor pode buscar um antídoto para esse estado de ânimo em opções mais tradicionais. “A gente ainda está tateando o terreno eleitoral deste ano, mas penso que o eleitor vai buscar alguém que venha de uma composição política mais tradicional e tenha um discurso mais tradicional de centro.”

Estadão
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