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Após encostar nos R$ 3,85 pela manhã, o dólar terminou o pregão desta quarta-feira, 06, a R$ 3,8377 06 de junho de 2018 | 19:25

Dólar fecha a R$ 3,83, maior valor em mais de dois anos

economia

Após encostar nos R$ 3,85 pela manhã, o dólar terminou o pregão desta quarta-feira, 06, em alta de 0,72% no segmento à vista, a R$ 3,8377, maior cotação desde 2 de março de 2016 (R$ 3,8909), na época pré-impeachment da então presidente Dilma Rousseff. O ambiente de elevada incerteza com o rumo da economia brasileira e as eleições presidenciais fez o real se descolar de seus pares internacionais e a moeda americana renovar o pico do ano nesta quarta-feira. O aumento da aversão ao risco doméstico levou ainda o Ibovespa a encerrar em queda de 0,68%, aos 76.117,22 pontos, apesar dos ganhos dos índices acionários em Nova York. Para Durval Corrêa, operador da corretora Multimoney, sem uma atuação mais firme do BC, o dólar não deve mostrar arrefecimento. O fato de a moeda seguir em alta mesmo após sucessivos leilões de swap, incluindo os dois extras de ontem, sinaliza que a intervenção no câmbio por esse instrumento pode ter chegado a um ponto de saturação. “A grande maioria do mercado já fez hedge”, disse ele. Com isso, abre-se espaço para a especulação, com os agentes forçando as cotações para ver quando e como o BC vai agir. Nesta quarta, a consultoria Capital Economics divulgou relatório em que avalia que a política vai ditar cada vez mais o ritmo das cotações do dólar no Brasil. “O destino do real repousa agora nos desenvolvimentos políticos”, afirma o economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, Neil Shearing. “Se as eleições de outubro entregarem um governo que não esteja disposto ou não possa lidar com as vulnerabilidades fiscais do Brasil, o real poderia ir para além de R$ 4,00”. “A taxa de câmbio é um preço extremamente sensível a esse processo de revisão do risco Brasil e deve ter sua trajetória de alta reforçada a cada pesquisa eleitoral que indique que candidatos pró-mercado continuam patinando na disputa presidencial”, destaca em relatório o economista-chefe da Spinelli, Pedro Paulo Silveira. A disparada do dólar fez crescer desde ontem nas mesas de operação as discussões sobre a volta da alta de juros no Brasil, pois a moeda pode pressionar a inflação. “Os mercados estão começando a precificar o início do ciclo de aperto já na reunião de junho”, avalia o banco de investimento norte-americano Brown Brothers Harriman & Co. (BBH).

Estadão Conteúdo
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