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Senadora Lídice da Mata em plenária de seu mandato que discutiu a composição da chapa do governador Rui Costa 21 de junho de 2018 | 07:49

A resposta que Lídice precisa se dar, por Raul Monteiro*

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O PSB pode até ter razão quando alega que o senador Otto Alencar (PSD) é uma força proeminente no governo Rui Costa (PT). Um rápida verificada no espaço que seu partido ocupa na administração estadual, além de em outras instâncias de poder no Estado, é suficiente para levar à conclusão de que Otto, de fato, é uma liderança hábil e competente o suficiente para não deixar o ambiente por onde circula vazio. Usar, no entanto, este argumento para tentar bloquear a indicação do PSD para a segunda vaga ao Senado na chapa do governador Rui Costa (PT) beira a imaturidade.

Chapas, sobretudo majoritárias, envolvendo disputas como a da sucessão estadual, não são compostas na base da gratidão ou da simpatia que o postulante maior, o candidato a governador, cujo sucesso está primordialmente em jogo, possa ter por esta ou aquela força política, por este ou aquele correligionário, por maiores que tenham sido as demonstrações de fidelidade e lealdade que já tenham dado. O que preside a escolha dos seus companheiros é exatamente a capacidade que eles sinalizam de ajudar na dura batalha eleitoral pela conquista da posição maior, o governo.

É neste quesito que se torna incomparável a dimensão do PSD e, consequentemente, a força eleitoral que emerge de suas fileiras, em relação ao seu principal adversário no governo Rui Costa, o PSB, da senadora Lídice da Mata, que se acha no direito de pleitear de novo a mesma posição, desta vez na chapa do atual governador. Por quaisquer critérios que se usem, mas sobretudo do ponto de vista da máquina partidária e, portanto, da energia que pode emprestar à campanha de Rui Costa, o PSD está muito melhor colocado em relação ao PSB do que provavelmente gostariam os socialistas.

Daí que virar as baterias contra Otto, na expectativa de que, denunciando a dimensão política e eleitoral a que ele chegou sob as barbas do governo petista, possa amedrontar o governador e o PT, fazendo com que eles recuem na disposição de aceitar a indicação do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Angelo Coronel, para candidato à segunda vaga de senador na chapa liderada pelo petista, é, mais do que imaturidade, ingenuidade, além de um atestado próprio de completa incompetência. Afinal, cabe perguntar: por que Otto chegou à posição em que está, de poder patrocinar a indicação de Coronel?

Certamente, não foi por seus belos olhos azuis, quesito, aliás, em que concorre diretamente com o ex-governador Jaques Wagner (PT), postulante à outra vaga ao Senado na chapa de Rui Costa. E se a resposta mais próxima da realidade é a que aponta para a capacidade que teve de fortalecer-se legitimamente como aliado do governo, a ponto de fazer indicação tão importante, cabe também um outro questionamento: por que a senadora Lídice da Mata, que ainda acumula a posição de presidente estadual do PSB, não foi capaz de fazer o mesmo? É uma resposta que, neste momento, o partido e ela deveriam estar, ao invés de atacando Otto, genuinamente buscando.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado hoje na Tribuna.

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