23 de maio de 2018 | 08:18

Funcionários públicos relatam ameaças por não terem votado na Venezuela

mundo

Associações de trabalhadores ligadas à oposição venezuelana denunciaram nesta terça-feira, 22, ameaças de punição do governo a funcionários públicos que não participaram da votação que levou Nicolás Maduro à reeleição, um processo não reconhecido pela maior parte da comunidade internacional. Líderes opositores impedidos pela Justiça de concorrer chamaram a população a não participar. Maduro obteve 68% dos votos e a abstenção ficou em 52%.Segundo Marlene Sifontes, da Frente Autônoma de Defesa do Emprego, Salário e Sindicato, o governo pretende cruzar os dados sobre participação para promover demissões, transferências, aposentadorias forçadas e suspensão de gratificações e de promoções. O governo pretendia alcançar uma participação maior, razão pela qual governadores chavistas convocaram, em áudios vazados, os militares a usarem “toda a máquina” do Estado para levar eleitores às urnas.São frequentes na Venezuela relatos de pressão para que o funcionalismo, estimado em 2,3 milhões de pessoas, vote a favor do governo. Isso ocorreu na semana passada, antes da votação. Uma funcionária pública de 71 anos, que ganha o equivalente a US$ 3 por mês, criticava o governo em um restaurante português do centro de Caracas. Questionada se votaria contra Maduro, disse que não o faria por temor a retaliações. “Estou perto de me aposentar e tenho medo de não conseguir minha pensão se votar contra Maduro.” Outro funcionário público, este de uma empresa da área de pesca, disse nesta terça-feira que as recomendações para que os empregados votassem eram claras. “Ofereceram até transporte para nos levar, mas eu não fui votar”, afirmou o homem, que não passa à iniciativa privada por falta de opção. Ele disse que não recebeu ameaças depois da votação.

Estadão
Comentários