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Coronel e Rui e as mulheres, Aline e Eleusa, na festa de aniversário do presidente da Assembleia 07 de maio de 2018 | 07:21

Com chapa “superada”, governistas já pensam em SSA 2020, por Raul Monteiro*

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Ainda que a chapa com que o governador Rui Costa (PT) vai disputar a reeleição em outubro próximo sequer tenha sido oficialmente anunciada, não parece que seja apenas a sucessão estadual deste ano que está em foco no campo governista. Na festa de aniversário de 60 anos do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Angelo Coronel (PSD), realizada na Quinta Portuguesa, no último sábado, pelo menos, enquanto a escolha dos companheiros de chapa de Rui era dada como praticamente superada, o assunto da vez era, na verdade, o que ocorrerá daqui a dois anos envolvendo a Prefeitura de Salvador.

Como se sabe, apesar de ligeiras divergências na base, o governador já definiu a composição da chapa para outubro. Além de Coronel, disputando uma das duas vagas ao Senado, devem integrá-la o ex-governador Jaques Wagner (PT), candidato à outra posição para senador, e o atual vice, João Leão (PP), que vai concorrer ao mesmo posto. Rui segura o seu anúncio apenas enquanto arruma uma saída para a senadora Lídice da Mata (PSB), que força a mão para poder concorrer à reeleição, mas deve negociar uma candidatura à Câmara dos Deputados ou mesmo à Assembleia Legislativa.

Com a questão já tão bem encaminhada, enquanto a oposição ainda discute se conseguirá ou não construir a unidade em torno de um único candidato ao governo, é natural que a vitória de Rui seja antecipadamente dada como certa e as atenções se voltem agora para as consequências de sua eventual reeleição. Nesse contexto, é que tem surgido a especulação de que seu objetivo, assim como o de todo o grupo, a partir de outubro, com a virtual vitória nas mãos, seja o de buscar também assumir o controle da Prefeitura de Salvador, na sucessão municipal seguinte, tomando-a das mãos do grupo do prefeito ACM Neto (DEM).

A idéia de conquistar também o poder na capital baiana, um sonho longamente acalentado pelo PT baiano, não passa apenas pelo desejo de alijar um adversário que personifica como ninguém a oposição ao grupo do governador, colocando em seu lugar alguém alinhado com o pensamento governista predominante, embora a avaliação seja igualmente considerada. No fundo, o objetivo é dar melhores condições para que Rui possa construir a sua própria sucessão em 2022, portanto, daqui a quatro anos, com muito mais conforto, se ACM Neto não tiver conseguido eleger o sucessor em 2020.

A avaliação é simples: perdendo a Prefeitura e, portanto, o poder daqui a dois anos, sem eventualmente ter conseguido eleger um nome de sua confiança para sucedê-lo, ACM Neto deixaria de contar com um ponto estratégico de apoio à sua virtual candidatura ao governo em 2022, passando à condição de adversário menos ameaçador. Em consequência, Rui teria à sua disposição um cenário mais tranquilo para decidir o nome do próprio sucessor, trabalhando por sua eleição com menos obstáculos do que aqueles que o desgaste natural de 16 anos de gestão petista terá provocado. A questão é quem escolherá para disputar a Prefeitura em 2020.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado originalmente na Tribuna.

Raul Monteiro*
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