Foto: Montagem Política Livre
19 de abril de 2018 | 08:02

Mais perto da unidade que antes, por Raul Monteiro*

exclusivas

Depois do estresse inicial e do estranhamento que se seguiu à escolha do ex-prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo, como candidato do DEM ao governo, operação conduzida de forma pessoal por ACM Neto (DEM), a qual resultou no lançamento de concorrentes como João Gualberto, pelo PSDB, e de João Santana, pelo MDB, os partidos de oposição começam a dar sinais de que podem chegar de fato a um entendimento comum em torno da montagem da chapa das oposições à sucessão estadual, reconstruindo a unidade com que marcharam até agora sob a liderança exclusiva do prefeito de Salvador.

As primeiras sugestões neste sentido têm partido dos próprios deputados estaduais e federais, preocupados em que se perca tempo e energia com mais de uma candidatura para o governo do Estado que resulte antes em mais dificuldades do que em facilidades para o enfrentamento do governador Rui Costa (PT) agora que não contarão mais com a figura de ACM Neto para representá-los na disputa. Puderam ser, inclusive, percebidas claramente pelos pré-candidatos José Ronaldo e João Gualberto, que foram em dias distintos a reuniões com a bancada oposicionista na Assembleia Legislativa.

Embora Gualberto aparentemente tenha se saído melhor no primeiro contato formal com os deputados na condição de pré-candidato, reforçando a imagem de mais palatável de que já desfrutava entre os parlamentares, nada impede que, em meio às negociações para a formação da chapa oposicionista, o escolhido possa ser seu adversário de ocasião, se forem consideradas, principalmente, as vantagens comparativas de Ronaldo, que, além de contar com o apoio declarado do padrinho de sua candidatura ACM Neto, terá também o respaldo do prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins Filho (MDB).

Determinado a construir as condições para assumir a cabeça da chapa e mais habituado ao convívio com os prefeitos do interior, o ex-gestor de Feira tem se lançado em campo na conquista das lideranças interioranas com gás suficiente para mudar muitas cabeças até o momento, segundo relatos dos próprios deputados. Também fez um gesto na direção do MDB do deputado federal Lúcio Vieira Lima, o qual foi rejeitado tanto por Neto quanto por Gualberto, embora o movimento tenha sido insuficiente para tocar o coração do parlamentar, ainda muito indignado com as manobras executadas pelo DEM para tirá-lo de seu próprio partido.

Paralelamente ao trânsito dos pré-candidatos, que não permite ainda prever com certeza qual, entre os dois, prevalecerá como a cabeça eleitoral de todo o grupo, quem já se firmou como nome para a chapa é o deputado federal Jutahy Magalhães Júnior, do PSDB, que, a despeito da revolução decorrente da saída de cena de ACM Neto, não titubeou em nenhum momento, antecipando que concorreria ao Senado sob qualquer hipótese. O resultado é que ele é hoje o único nome de unidade, abraçado por todos os partidos oposicionistas, o que, no limite, deve funcionar ajudando na montagem de uma chapa única à sucessão estadual.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado originalmente na Tribuna.

Raul Monteiro*
Comentários