Foto: Política Livre/Arquivo
Prefeito ACM Neto 19 de março de 2018 | 08:12

Sem Neto, oposição sucumbirá na eleição, por Raul Monteiro*

exclusivas

É evidente que o prefeito ACM Neto (DEM) estende o que pode o prazo para anunciar sua decisão com relação à sucessão estadual deste ano. Depois de prever que poderia revelar sua posição entre a quinta e a sexta-feira últimas, ainda assim para um círculo próximo de pessoas, sinalizou no final de semana passado que a decisão ainda não estava tomada, jogando-a para esta, talvez até esta segunda-feira. Desde o princípio, aliás, o prefeito disse que não pretendia publicizar sua escolha entre concorrer ao governo ou ficar na Prefeitura imediatamente em seguida à decisão.

Preferiria, pelo contrário, utilizar ao máximo o tempo que a legislação lhe garante, o qual vai até o próximo dia 7 de abril, para fazer o anúncio, claro que antes preparando o cenário e o clima em seu grupo político, que inclui os aliados, para tornar pública sua decisão. Enquanto ACM Neto não dá pistas concretas sobre o que fará, as especulações se sucedem e seus apoiadores se agitam em busca de pistas sobre se finalmente ele vai decidir enfrentar o governador Rui Costa (PT) ou preferirá a aparente tranquilidade de concluir seu segundo mandato na Prefeitura de Salvador.

Não há como não avaliar, no entanto, que, caso recue, Neto acabará provocando um efeito devastador sobre o conjunto das oposições que, por condições óbvias, que incluem tanto sua posição política quanto suas características pessoais, lidera neste momento. O primeiro deles será, inevitavelmente, a frustração que produzirá em tantos projetos que se articulam desde a sua reeleição à Prefeitura de Salvador, com uma margem consagradora de mais de 70% dos votos, em torno da expectativa natural de que nascia com aquela vitória um projeto para enfrentar o PT no Estado.

Com efeito, não existem registros de Neto, em qualquer espaço que seja, anunciando seu desejo de disputar o governo do Estado em 2018. Seu crescimento praticamente isolado como alternativa no campo das oposições, além de um conjunto de sinais que se sucederam desde que se firmou como uma liderança na capital, davam como certo que brotava ali uma candidatura natural na qual se podia apostar. A escolha do amigo Bruno Reis (MDB) para seu vice, alguém de sua confiança pessoal a quem poderia passar a Prefeitura para lançar-se ao governo dois anos depois, foi seguramente dos mais eloquentes deles.

Não foi, porém, o único, nem mais importante do que a própria estratégia de firmar, a partir da Prefeitura, uma imagem de bom gestor, capaz de administrar com zelo também os rumos do Estado. Daí que reverter tamanha expectativa em torno de seu lançamento ao governo não deverá ser tarefa fácil ao prefeito, no caso de ele decidir não concorrer. Mesmo porque, não importa o argumento que apresente, não existe hoje ninguém na oposição com condição suficiente para assumir o desafio de enfrentar Rui Costa (PT), o que de imediato ajuda na idéia de que, sem Neto, a eleição será um passeio para o governador.

* Artigo de autoria do editor Raul Monteiro publicado hoje na Tribuna.

Raul Monteiro*
Comentários