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Senador Otto Alencar, futuro articulador político do governador Rui Costa 15 de março de 2018 | 08:27

Finalmente, um articulador político, por Raul Monteiro

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Ainda que tenha naturalmente produzido algum ciúme em setores do próprio governo e do PT, que tradicionalmente ocupa esta posição, não se pode negar ter surgido em boa hora o plano do governador Rui Costa (PT) de colocar o senador Otto Alencar (PSD) na coordenação política de sua campanha à reeleição. Caso se confirme a escolha, sobre a qual já se sabe que o senador deu seu aval, Rui vai estar suprindo uma lacuna importante em seu esquema de poder, para a qual deputados e correligionários chamam a atenção pelo menos desde o princípio de seu governo.
Em seu grupo e mesmo na oposição, não se questiona a liderança administrativa exercida por Rui. Ter conseguido segurar funcionando a contento a máquina estadual desde a crise, mantendo um cronograma de obras e inaugurações no interior e, principalmente, na capital, como vem fazendo, o tornou alvo de reconhecimento, mesmo que a contragosto, até da oposição. Mas se vem marcando ponto neste quesito, que pode estar agradando a faixas significativas da população informadas por sua bem elaborada propaganda, no plano da política as carências e dificuldades se acumulam, tendendo a se aprofundar no ano eleitoral.
Otto entraria ocupando o vácuo de uma articulação política que, na prática, nunca inexistiu no governo, em boa medida por uma culpa que se atribui ao próprio governador, cuja dificuldade de delegar é conhecida. O senador é figura simpática e afeita a conversar com políticos e os mais simples, inclusive, com o pessoal do interior. Além disso, é do tipo que agrada imensamente os prefeitos, segmento em que qualquer candidato ao governo precisa estar bem avaliado numa eleição. Para exercer a nova tarefa a contento, no entanto, precisa estar devidamente cacifado, motivo porque se avalia sua ida para a secretaria de Relações Institucionais.
Diferentemente da maneira como ela funciona hoje, sob o comando do deputado federal licenciado Josias Gomes, a quem, diga-se de passagem, Rui nunca concedeu muita autonomia, a idéia é que, sob a nova direção de Otto, a Serin possa atuar e muito, não só em defesa do governo, como articulando politicamente aliados em todos os cantos do Estado, um papel que efetivamente, para desespero principalmente dos deputados da base aliada, a pasta nunca desempenhou. Esta parece, inclusive, ter sido a única exigência feita pelo senador para assumir a nova tarefa, largando o conforto do Senado.
O único aspecto da operação que pode se configurar num problema é o poder, naturalmente, de que o senador se revestirá a partir do momento em que sentar-se à mesa da secretaria. Inegável dizer que terá tanto poder quanto o governador e, em alguns momentos, poderá até superá-lo em atribuições políticas importantes no campo das atividades específicas da campanha. Mas, principalmente se ACM Neto (DEM) resolver disputar o governo, é o preço que Rui terá que pagar para contar com uma articulação política profissional integralmente voltada para a tarefa de reelegê-lo ao governo.
* Artigo de autoria do editor Raul Monteiro publicado originalmente na Tribuna.

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