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Vice de Neto, Bruno Reis vai assumir Prefeitura caso prefeito decida renunciar para concorrer ao governo 21 de fevereiro de 2018 | 18:31

Eventual governo Bruno Reis provoca insegurança em parte de grupo de ACM Neto

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Ao afirmar que vai incluir, além do eleitorado de Salvador, amigos e aliados na consulta que pretende fazer para decidir se será candidato ao governo, o prefeito ACM Neto (DEM) não só mitigou o sentimento de exclusão que estava gracejando nestes grupos, como reconheceu neles fonte de apoio e mesmo a existência de conflitos em relação à sua decisão.

Na verdade, ACM Neto iniciou suas consultas, como sempre faz, com a família, cuja participação em sua vida política é ativa, como é do conhecimento de todos. E, ao que parece, não registrou objeção dos familiares à possibilidade de ter que renunciar à Prefeitura para poder concorrer ao governo do Estado em outubro contra o governador Rui Costa, do PT.

No campo dos amigos, é que o sentimento em relação aos próximos passos políticos do prefeito é mais crítico. Uma boa parte deseja que Neto saia candidato, mas o que pode ser considerado um grupo pequeno, porém coeso, argumenta que, por ser jovem, o prefeito poderia evitar o risco de uma derrota, permanecendo na Prefeitura e guardando-se para a próxima sucessão estadual, daqui a quatro anos, quando acha que ele será imbatível.

Neste time, conforme revela uma fonte do Palácio Thomé de Souza com acesso direto ao democrata, incluem-se aqueles que, dadas as suas relações de proximidade com o prefeito, temem virar alvos de algum tipo de “bisbilhotagem” ou perseguição do governo estadual quando a campanha começar.

Na outra ponta, no entanto, estão outros, aparentemente mais influentes, que nutrem certo temor de como será daqui por diante a relação com Bruno Reis (MDB), vice que assumirá a Prefeitura se Neto decidir concorrer. “Você sabe como é. Com o poder nas mãos, as pessoas se transformam”, diz a mesma fonte.

Ele não alude apenas à insegurança que o vice suscita, de forma natural, por não ter tido ainda a chance de exercer sozinho o poder como chefe do executivo e passar a liderar institucionalmente todo o grupo. O ponto crucial, reconhece, são as sequelas causadas pelo tumultuado processo de escolha do candidato a vice na campanha à reeleição de Neto, há dois anos.

Ganha por Bruno, a disputa envolveu mais quatro nomes – Guilherme Bellintani, Luis Carreira, Silvio Pinheiro e João Roma – que aos poucos foram sendo abatidos pelo processo e, em dado momento, quando perceberam que o emedebista era o favorito para se tornar vice, centraram fogo nele.

Dos candidatos na época, Bellintani afastou-se do grupo ao deixar a secretaria de Educação para assumir a presidência do Esporte Clube Bahia, Silvio ganhou o comando do Fundo Nacional de Educação, do qual deve se desligar para coordenar a parte financeira da campanha caso Neto concorra, e João Roma é o que deve conquistar maior autonomia, já que sua eleição à Câmara dos Deputados é uma das prioridades do prefeito.

“É claro que todos administram bem a relação sob a liderança de Neto. Mas e quando Neto não for mais prefeito?”, continua a mesma fonte, reconhecendo a existência de cisões entre eles difíceis hoje de superar que afetaram, inclusive, grupos de assessores, subordinados e militantes que os acompanhavam.

Do lado de fora desse campo estão os aliados políticos do prefeito, alguns no mesmo partido dele ou em outros, onde o sentimento é de quase unanimidade com relação à tese de que Neto deve se candidatar. Para perder ou ganhar.

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