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48.ª fase deflagrada nesta quinta aponta que superfaturamento de obras e contratos fictícios elevaram valores pagos por usuários de rodovias do Anel da Integração, para gerar propinas, entre outras coisas 22 de fevereiro de 2018 | 10:17

Lava Jato suspeita que corrupção elevou tarifa de pedágio em até quatro vezes

brasil

A Operação Integração, 48.ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta quinta-feira, 22, suspeita que o superfaturamento no valor de obras realizadas e os contratos fictícios lançados na contabilidade pelas concessionárias de rodovias federais do Anel da Integração serviam para gerar recursos para pagamentos de propinas a agentes públicos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná e da Casa Civil do governo do Estado do Paraná. E o pior: podem ter elevado em até quatro vezes o valor das tarifas de pedágio para o usuário. “Perícias técnicas realizadas pelo Ministério Público Federal demonstram que há superfaturamento nos valores das obras das concessionárias constantes na proposta comercial. Conforme o laudo técnico, que utilizou como parâmetro a tabela SINAPI, da Caixa Econômica Federal, em alguns itens das planilhas o sobrepreço chegou a 89% em relação ao valor de mercado”, informou a força-tarefa da Lava Jato, por meio de sua assessoria de imprensa. “A ‘gordura’ era usada para pagamentos indevidos.” Primeira Lava Jato deflagrada em 2018, a Integração cumpre 7 mandados de prisão temporária e 50 de buscas e apreensão no Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro. O esquema seria similar ao descoberto na Petrobrás, envolvendo concessionárias de rodovias federais. A concessionária Econorte, do Grupo Triunfo, é uma das principais investigadas. Ela usou os operadores de propina do escândalo Petrobrás Rodrigo Tacla Duran e Adir Assad supostamente para pagar propinas a agentes públicos, segundo a força-tarefa. “O MPF sustenta que esses pagamentos fazem parte de um gigantesco esquema de fraudes realizadas pelos administradores da concessionária em conluio com agentes públicos. Em fiscalização da Receita Federal que abrangeu somente os últimos três anos, houve desconsideração de R$ 56 milhões gastos pela subsidiária da concessionária em serviços fictícios.” Os procuradores da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, em conjunto com os procuradores Lyana Helena Joppert Kalluf, Henrique Hahn Martins de Menezes, Raphael Otavio Bueno Santos e Henrique Gentil, que foram designados para atuarem nesta investigação, descobriram saques em espécie, pagamentos a empresas de fachadas entre outros. Segundo as apurações, “mesmo existindo uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) e um estudo técnico recomendando a redução da tarifa em 18%, a empresa investigada foi favorecida por dois termos aditivos e um termo de ajuste que aumentaram a tarifa paga pelo usuário em mais de 25%”. “Para justificar o aumento, o DER/PR alegava necessidade de reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos.” O diretor do DER paranaense, Nelson Leal, foi preso na manhã desta quinta-feira.

Estadão
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