Foto: Alberto Coutinho/Arquivo
Governador Rui Costa e ACM Neto, adversários claros em 2018 08 de janeiro de 2018 | 09:44

Dilemas da campanha estadual, por Raul Monteiro

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Embora haja consenso de que o ano no Brasil só começa depois do Carnaval e que a máxima é ainda mais verdadeira quando envolve a política, não se deve esperar que o governador Rui Costa (PT) e o prefeito ACM Neto (DEM), que, conforme os prognósticos mais previsíveis, devem se enfrentar nas eleições de outubro, vão aguardar o mês de fevereiro passar para deflagrar as articulações mais importantes com vistas à montagem das chapas com que pretendem concorrer, o primeiro à reeleição, e o segundo, pela primeira vez, à sucessão estadual.

Na prática, os dois já vêm, longe do público, se dedicando ao assunto desde o ano passado, devendo no começo deste 2018 apenas passar a limpo as estratégias que conceberam lá atrás para o confronto inevitável, o qual deverá acontecer com o auxílio dos times de aliados com que esperam fortalecer suas pretensões políticas e chegar à vitória. Na semana que passou, Rui deixou claro quem são os parceiros preferenciais para a empreitada de se reeleger e eles confirmam os partidos da coalizão com que chegou ao poder, em 2014, confirmando a estabilidade de sua aliança política.

Além do PT, partido do governador, integrarão a chapa o PP, do atual vice-governador e secretário de Planejamento João Leão, que ficará no posto, e o PSD, do senador Otto Alencar, que terá desta vez como candidato ao Senado o atual presidente da Assembleia Legislativa, deputado Angelo Coronel. A outra vaga ao Senado deve ser disputada pelo ex-governador Jaques Wagner, já desencanado da idéia de concorrer à Presidência em lugar do ex-presidente Lula para garantir, principalmente, o foro privilegiado, dádiva que todo mandato proporciona, além de tantas outras.

Neste particular, do lado de Neto a situação anda menos clara, mesmo porque ele, ao contrário do governador, não está no posto e marcha para reassegurá-lo, mas corresponde ao que, na prática, se considera um novo entrante, com todo o ônus e bônus que a posição lhe confere. Hoje, montar o time com que pretende concorrer, é, na verdade, um dos seus maiores desafios do prefeito, principalmente depois da crise em que foi arremessado o PMDB – e, por consequência, o plano que os envolvia -, com seu tempo considerável de TV e recursos disponíveis no acintoso fundo eleitoral aprovado, sem a menor cerimônia, pelo Congresso.

Tanto é assim que, para livrar-se do desgaste que a associação de sua imagem à dos aliados peemedebistas tanto na Bahia, especialmente a do ex-ministro Geddel Vieria Lima, quanto no governo federal, em que desponta a figura do impopular presidente Michel Temer, estão em curso avaliações no grupo do prefeito que podem resultar, inclusive, na dispensa de uma coligação formal sua com o partido para a disputa eleitoral. Mais problemático, no entanto, será abrir mão da importância que o partido teria em sua campanha em condições normais, com, entre outras características, seu conhecido poder de operação política.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado originalmente na Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
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