Foto: Estadão/Reprodução
O ministro sul-coreano de Unificação, Cho Myoung-gyon e o líder da delegação norte-coreana, Ri Son-gwon 09 de janeiro de 2018 | 21:15

Coreias aceitam frear corrida militar após pacto sobre Olimpíada de Inverno

mundo

O reencontro entre as Coreias do Norte e do Sul, o primeiro em mais de dois anos, abriu as portas para futuros encontros diplomáticos e uma possível reaproximação entre os dois países. A reunião de ontem, que durou mais de 11 horas, não tratou apenas da participação de Pyongyang nos Jogos Olímpicos de Inverno na Coreia do Sul, mas de questões espinhosas como a redução das tensões militares e a interrupção de algumas sanções econômicas sul-coreanas. Os representantes da Coreia do Norte concordaram em enviar à Coreia do Sul, para a Olimpíada de Inverno, uma delegação formada por atletas e torcedores, uma equipe de demonstração de Taekwondo e um grupo de jornalistas. Os dois países também concordaram em tomar medidas para reduzir as tensões militares na região. A Coreia do Sul pediu ainda a Pyongyang o fim de atos hostis na fronteira e disse estar preparada para suspender temporariamente algumas sanções para facilitar a participação norte-coreana nos Jogos. A reunião na chamada ‘Casa da Paz’, na zona desmilitarizada entre os dois países, começou de maneira tépida, com conversas amenas sobre o clima. “Rios e montanhas inteiras estão congeladas”, disse Ri Son-gwon, o principal negociador norte-coreano. “Não seria um exagero dizer que, em comparação com o clima da natureza, a relação intercoreana esteja ainda mais congelada”. A delegação norte-coreana, formada por cinco integrantes, todos vestidos com ternos escuros justos e sapatos polidos, chegou à fronteira em um veículo militar e, em seguida, fez uma breve caminhada pela linha de demarcação do lado sul-coreano de Panmunjom. Depois, os negociadores dos dois países apertaram as mãos, posaram para fotos e começaram as conversas. Tanto o líder norte-coreano, Kim Jong-un, quanto o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, puderam ouvir as discussões em tempo real, e cada um deles tinha uma linha direta com a Casa da Paz. Apesar dos avanços em relação à presença norte-coreana na Olimpíada de Inverno e na suspensão de algumas sanções, novas arestas apareceram durante as 11 horas de reunião. O principal negociador da Coreia do Norte, Ri Son-gwon, expressou forte descontentamento com a tentativa dos sul-coreanos de debater a interrupção do programa nuclear norte-coreano. “Falando sobre a questão nuclear, todas as armas estratégicas da Coreia do Norte, incluindo bombas atômicas e de hidrogênio, mísseis balísticos, foguetes, não estão em discussão e estão direcionadas inteiramente para os EUA. Não têm nosso próprio povo como alvo, nem mesmo a China ou a Rússia”, disse Ri.

Estadão Conteúdo
Comentários