Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters
O embaixador brasileiro na Venezuela, Ruy Pereira 24 de dezembro de 2017 | 07:30

Venezuela expulsa embaixador do Brasil no país

mundo

A Venezuela ordenou neste sábado (23) a expulsão do embaixador do Brasil em Caracas, Ruy Pereira, ao declarar o diplomata “persona non grata”. De acordo com a ex-chanceler Delcy Rodríguez, que atualmente preside a Assembleia Nacional Constituinte venezuelana, o governo de seu país iniciará o processo contra o brasileiro e o encarregado de negócios do Canadá, Craib Kowalik. Com isso, ambos terão de deixar a Venezuela. Pereira, porém, já se encontra no Brasil para as festas de fim de ano. Assim, quando a declaração for formalizada, o diplomata brasileiro não poderá retornar a Caracas. Em reação, o Brasil pretende adotar “medidas de reciprocidade correspondentes”, segundo informa nota do Itamaraty. Como a Venezuela está sem embaixador em Brasília, a tendência é que o diplomata venezuelano mais graduado seja convidado a se retirar do País. Até o fim da tarde de sábado, porém, nenhuma comunicação oficial de Caracas havia chegado ao governo brasileiro. “Decidimos declarar persona non grata o embaixador do Brasil até que se reconstitua o fio constitucional nesse país irmão”, disse Rodríguez, acrescentando que a chancelaria de seu país iniciaria as formalidades necessárias. Pereira havia retomado as funções em Caracas em maio, por decisão do ministro das Relações Exteriores brasileiro, Aloysio Nunes, que considera importante ter na Venezuela um diplomata graduado e com condições de dialogar tanto com o governo quanto com a oposição. Foi um gesto de reaproximação, pois o Brasil estava sem embaixador na Venezuela desde agosto de 2016 – em razão de uma crise diplomática causada por críticas do governo Maduro sobre o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Na quinta-feira, durante reunião de cúpula do Mercosul, o presidente Michel Temer comentou a suspensão da Venezuela do bloco com base na cláusula democrática, em agosto. Foi o primeiro ato do Brasil na presidência temporária do bloco. “Era uma medida que se impunha”, afirmou o presidente. “Queremos que nação venezuelana, de volta à democracia, possa também voltar ao Mercosul, onde será recebida naturalmente de braços abertos”, disse Temer. No mesmo dia, o Itamaraty divulgou nota depois que a Venezuela decidiu dissolver os governos municipais da Grande Caracas e de Alto Apure. No comunicado, o governo brasileiro qualificou o ato como um exemplo do “continuado assédio” contra a oposição venezuelana.

Estadão Conteúdo
Comentários