Foto: Montagem Política Livre
O prefeito ACM Neto e o governador Rui Costa: disputa por 2018 já colocada 22 de dezembro de 2017 | 08:24

Neto e Rui em clima natalino, por Raul Monteiro*

exclusivas

Prováveis adversários na sucessão estadual de 2018, o governador Rui Costa (PT) e o prefeito ACM Neto (DEM) aproveitaram o clima natalino da semana que se encerra para convocar coletivas, fazer um balanço de suas respectivas gestões e, naturalmente, falar de política com jornalistas. Mais cauteloso do que Neto com relação ao tema das eleições, Rui preferiu focar na administração, evitando se estender sobre a pauta eleitoral, assunto que o prefeito abordou com mais tranquilidade, não sem frustrar os aliados que gostariam de vê-lo assumindo desde já sua candidatura ao governo.

Neto, pelo contrário, preferiu dizer que ainda não tomou decisão alguma com relação a se será ou não candidato, deixando o anúncio de qualquer que seja sua posição para depois do Carnaval. Com efeito, o prefeito ainda tem muitas questões a resolver antes de se definir e, pelo visto, trata o assunto sob a ótica da responsabilidade máxima, mesmo que sua prudência encoraje adversários a dizerem que não disputará o governo, preferindo concluir o mandato ou mesmo se lançando à aventura de concorrer à Presidência da República, no que aproveitam-se do incentivo de alguns de seus aliados nacionais.

Muito à vontade com o apelido “Correria”, aplicado a ele muito competentemente pelo seu marketing, Rui preferiu se estender sobre as obras que realiza no Estado, em especial as que se destacam no campo da Saúde, como os hospitais e policlínicas regionais, ou na área de transportes, a exemplo do metrô, que sua assessoria considera que terá impacto significativo sobre o eleitorado de Salvador, em que Neto tem reinado praticamente sozinho até agora. No campo político, no máximo, atacou o governo Michel Temer (PMDB), ao qual reforçou as costumeiras críticas, deixando clara sua posição de oposicionista.

Sobre as eleições e o adversário maior, o governador não deu palavra. O prefeito, por sua vez, repetiu que o elemento mais importante para tomar sua decisão será a cidade. Ele pretende ouvir exatamente do eleitorado da capital se deve ou não renunciar à Prefeitura para concorrer ao governo. Neto não quer deixar Salvador sob a sensação de desamparo, sentimento em que pode ser jogada, principalmente, na eventualidade de perder a eleição, já que, embora seu vice, Bruno Reis (PMDB), seja considerado um aliado fiel, é uma incógnita do ponto de vista administrativo.

Além disso, o prefeito ainda não tem clareza sobre como se desenhará o cenário nacional e em que medida poderá contar com a ajuda do presidenciável que vier a apoiar nem com que aliados disporá na chapa, à exceção do PSDB, que pretende indicar como seu companheiro para concorrer a uma das vagas ao Senado o deputado federal Jutahy Magalhães Jr. O prefeito aprendeu com o avô, ACM, e com a já larga experiência, que a cautela, em panoramas como o atual, é uma grande conselheira, posição muito diferente da de Rui, que não precisa se antecipar porque não tem alternativa, senão agarrar-se ao projeto legítimo de tentar se reeleger.

* Artigo de autoria do editor Raul Monteiro publicado originalmente pela Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
Comentários