Foto: Metro 1/Arquivo
Wagner em entrevista ao radialista Mário Kertész, da Rádio Metrópole 21 de novembro de 2017 | 09:15

Wagner e a sucessão presidencial, por Raul Monteiro*

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Apesar da animação com que se comporta em eventos públicos, como no deste último domingo, em que disse que não será difícil ganhar as eleições presidenciais de 2018, em particular o ex-presidente Lula não demonstra a mesma confiança. Aliás, deixa claro que, na verdade, com as viagens que realiza e os eventos de que participa supostamente para divulgar a candidatura, ele pretende é se manter vivo e afastar o risco de uma eventual prisão, caso seja efetivamente condenado em segunda instância pela Justiça pelos crimes pelos quais lhe aplicou a primeira condenação o juiz Sérgio Moro, da Lava Jato.

É, na prática, a confirmação da primeira condenação por um colegiado o que deve tirar o ex-presidente da disputa presidencial. Ele terá sorte, no entanto, se os desembargadores que apreciarem o recurso contra a sentença do juiz de Curitiba não ampliarem a pena ou mesmo o encaminharem para a prisão, o que já aconteceu em alguns dos julgamentos envolvendo condenados na Lava Jato. É neste cenário que ganham força as especulações de que já existem alguns nomes no PT capazes de assumir a candidatura presidencial no lugar da de Lula e um deles poderia emergir, inclusive, da Bahia.

Um dos nomes mais citados para uma eventual missão deste nível é o ex-governador Jaques Wagner, atual secretário de Desenvolvimento Econômico do governo Rui Costa (PT). Não é a primeira vez que seu nome circula como uma eventual alternativa ao do principal cacique petista. Mas, à medida que o tempo passa, não apenas as lembranças ao seu nome se tornam mais fortes, como ele próprio começa pessoalmente a se empolgar com a possibilidade de liderar uma chapa à sucessão do presidente Michel Temer (PMDB). Wagner tem pelo menos três argumentos em favor da tese.

Primeiro, é a de que o PT não está morto, como garantem seus adversários e “detratores”, e pode desempenhar papel de destaque na disputa eleitoral do ano que vem, a depender de como calibrar o discurso para tanto e de quem apresentar como seu representante na corrida pela Presidência. O segundo é de que ele, pessoalmente, não tem qualquer impedimento para assumir o desafio e até o encamparia com gosto, como tem dito a vários políticos com que se encontra para discutir o cenário político local e nacional. O terceiro e talvez o mais importante envolve o impulso que sua entrada em cena representaria para a candidatura à reeleição do governador petista.

Como se sabe, as candidaturas nacionais funcionam no Brasil impulsionando as estaduais e isto é assim desde muito tempo. Mas há um outro ponto que também pode favorecer imensamente o projeto petista de garantir a reeleição na Bahia. Com Wagner pleiteando a Presidência da República, abre-se mais uma vaga na chapa de Rui para negociaçõles envolvendo partidos da base, principalmente para legendas mais inconstantes como o PP e o PR, ou mesmo o PSD, que vira e mexe sinalizam com algum tipo de simpatia pela candidatura do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). Presidenciável, Wagner não seria candidato a senador na chapa de Rui.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
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