19 de novembro de 2017 | 10:38

Compliance vira ‘vacina’ anti-Lava Jato para siglas

brasil

Diante do temor da repercussão eleitoral da Operação Lava Jato nas disputas de 2018, partidos políticos pretendem buscar no mundo corporativo o que consideram uma “vacina” ética: o compliance. Pelo menos duas grande legendas, o PMDB e o PSDB, planejam implementar mecanismos de transparência e cumprimento de normas similares aos adotados por grandes empresas. Especialistas dizem, porém, que a medida, além de “inócua”, é uma jogada de marketing das legendas. Quase quatro anos após o início da Lava Jato, a grande maioria dos partidos ignora internamente as prisões, denúncias e suspeitas envolvendo filiados nas investigações, processos da operação e outros inquéritos derivados da operação. Um dos partidos mais atingidos, o PMDB está agora sondando consultorias e quer apresentar no seu próximo congresso uma proposta de registros e controles contábeis, recebimento de doações e criação de um novo (e mais rigoroso) código de ética. A legenda, contudo, quer passar uma “borracha” no passado, uma vez que as medidas não teriam efeito retroativo. Uma das entidades consultadas foi a Associação Brasileira de Integridade, Ética e Compliance (Abraecom). “A Abraecom é uma entidade certificadora, diferentemente das empresas de consultoria que simplesmente implementam o programa de integridade”, disse ao Estado o advogado societário Rodrigo Brandão Fontoura, secretário geral da associação. Ele explica que as medidas não implicariam uma “caças às bruxas”, já que passariam a valer a partir de sua implementação. “Começamos a ser procurados pelos partidos em 2017. A grande maioria dos partidos está desacreditada. Eles querem retomar essa credibilidade perante a sociedade”, afirmou.

Estadão
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