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Escolha de Cacá Leão para relator do Orçamento passou por estratégia para atrair PP para ACM Neto 27 de novembro de 2017 | 07:33

A forte operação de atração do PP (para Neto), por Raul Monteiro

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Apesar de estar oficialmente no governo Rui Costa (PT), inclusive ocupando a importante secretaria de Planejamento e vários órgãos, o PP pode pender para o lado de ACM Neto (DEM) na sucessão estadual de 2018, se depender das articulações que o Democratas realiza nacionalmente para “forçar” o apoio dos pepistas ao nome do prefeito na Bahia. O lance mais ousado feito até agora neste sentido foi a indicação do deputado federal Alexandre Baldy (GO) para o ministério das Cidades, executada com requintes de sofisticação pelo presidente da Câmara dos Deputados, o democrata Rodrigo Maia (RJ).

Além de amigo pessoal do prefeito, Maia encetou um plano de robustecimento nacional de seu partido que passa, diretamente, pelo fortalecimento de ACM Neto, e, em grande medida, se beneficia da dependência que o presidente Michel Temer (PMDB) tem dele no Congresso. Por este motivo, costurou a entrega do ministério que pertencia ao aliado PSDB para alguém de sua confiança que pudesse ingressar no PP mediante um acordo com a direção do partido pelo qual a legenda terá que apoiar o nome do prefeito de Salvador ao governo do Estado no ano que vem, sob pena de uma intervenção.

Como se sabe, junto com o PSD e o PT, o PP integra uma espécie de tripé que dá sustentação política ao governo e deveria converter-se em apoio eleitoral ao projeto de Rui se reeleger em outubro. Daí, o interesse do prefeito de atrair a legenda para o seu lado, cacifando-se para a disputa contra o governador, algo considerado factível principalmente pelo excelente nível de relacionamento que a mais promissora liderança do PP na Bahia, o deputado federal Cacá Leão, mantém com o seu grupo. A despeito de ser filho do vice-governador e secretário de Planejamento, João Leão, Cacá já externou várias vezes seu nível de frustração com o governo.

As queixas são antigas e, em alguns momentos, já chegaram ao limite de um afastamento, sempre revertido pelo pai. Não é por acaso que o namoro do DEM com Cacá vem também de longa data. Mas a maior demonstração de boa vontade com o filho do vice-governador veio recentemente, por ocasião de sua indicação para a relatoria do Orçamento no Congresso, seguramente das mais cobiçadas na Casa. Cacá foi emplacado por ninguém menos que Rodrigo Maia com o aval naturalmente do prefeito de Salvador. Para isso, Maia peitou o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que queria a posição.

E ACM Neto entrou em campo para convencer o amigo Aécio Neves (PSDB-MG) de seu interesse na indicação do deputado baiano para poder preservá-la. O caríssimo leitor pode questionar porque, no episódio da substituição do ministro das Cidades, o DEM não indicou um quadro próprio, que poderia emergir, inclusive, da Bahia. Mas trata-se de vinculação que, por seu mau impacto eleitoral, não interessa ao partido, dado o alto grau de impopularidade do presidente da República. Basta, por esta visão, ter feito, com o carimbo de democrata, o ministro da Educação, o pernambucano Mendonça Filho. Já os demais cargos das Cidades terão nome e sobrenome do DEM. É só aguardar.

* Artigo publicado originalmente pelo jornalista e editor Raul Monteiro na Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
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