22 de outubro de 2017 | 12:30

‘Puxadores’ de voto rendem R$ 390 milhões a seus partidos

brasil

Os puxadores de voto da eleição de 2014 se transformaram em um tesouro para os partidos políticos. Graças ao aumento de recursos do Fundo Partidário e à criação de um fundo eleitoral para bancar as campanhas de 2018, os 30 deputados mais votados vão render aos cofres das legendas cerca de R$ 390 milhões em quatro anos. Derrotado na eleição para prefeito de São Paulo em 2012 e 2016 e campeão de votos para a Câmara dos Deputados – em números absolutos – em 2014, Celso Russomanno é também um cheque ambulante de quase R$ 59 milhões para seu partido, o PRB. Na campanha eleitoral, o Diretório Nacional do PRB destinou apenas R$ 100 mil para custear os gastos de Russomanno. Ou seja, se a eleição fosse um investimento, o PRB teria obtido um retorno de 58.600% em quatro anos. Os próximos no ranking de mais votados na eleição passada, Tiririca (SP) e Jair Bolsonaro (RJ), vão render R$ 39,2 milhões e R$ 17,9 milhões para PR e PP, respectivamente, no período entre 2015 e 2018. O que explica o fenômeno são as regras de distribuição das verbas do Fundo Partidário e do fundo especial de financiamento de campanha, ambos formados por recursos públicos. O primeiro serve para custear o funcionamento dos partidos – banca gastos com funcionários, aluguéis, viagens de dirigentes, campanhas eleitorais etc. O segundo, criado recentemente em lei aprovada pelo Congresso Nacional na reforma política, vai custear especificamente despesas de candidatos a cargos eletivos. Entre os critérios de distribuição dos dois fundos está o número de votos de cada partido para a Câmara dos Deputados. E cada voto nominal para um candidato conta também como voto no partido – uma regra que muitos eleitores ignoram.

Estadão Conteúdo
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