Foto: Montagem Política Livre
A disputa entre Neto e Rui é cada vez mais acirrada a um ano da eleição estadual 26 de outubro de 2017 | 11:54

O novo Centro de Convenções, por Raul Monteiro

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Na disputa que travam por espaço e visibilidade com vistas claramente à sucessão estadual de 2018, o governador Rui Costa (PT) e o prefeito ACM Neto (DEM) têm se notabilizado por jogadas constantes com que pretendem desestabilizar o adversário e melhorar sua própria posição na disputa, utilizando-se do senso de oportunidade que possuem e produzindo um indisfarçável clima de torcida entre seus respectivos apoiadores. Esta semana não foi diferente. E quem parece ter levado a melhor, pela segunda vez, nos últimos meses, foi o prefeito de Salvador.

Acompanhando na surdina a discussão que se travava no governo sobre o que fazer com o Centro de Convenções, um dos equipamentos de apoio ao turismo mais importantes de Salvador interditado há mais de um ano desde um desabamento ocorrido numa de suas alas, para desespero de todo o trade turístico, ACM Neto lançou o projeto de construir um novo espaço com o mesmo propósito na área do antigo Aeroclube, praticamente sem função e perspectiva desde o fracasso do chamado Parque Atlântico, colocando-se à frente do governo na apresentação da solução para uma grave problema para a capital e sua economia.

A iniciativa explicitou a dificuldade que o governo vinha tendo para construir uma alternativa e solucionar o impasse criado com o desabamento do Centro de Convenções, decorrente da incompetência da equipe que assessora o governador em área tão delicada e importante para a Bahia. Desde a interdição do equipamento, o máximo que se ouviu do governo com relação ao Centro de Convenções foram especulações, tanto em relação a seu destino, com infindáveis discussões sobre o que fazer com relação ao seu atual endereço, quanto sobre onde erigir um novo espaço com o mesmo propósito.

Nesse período, puxada pelo governo, a maioria das discussões apontava que o empreendimento seria erguido no Comércio, numa área que pertence à Marinha, até que se apresentou como alternativa a área onde funciona hoje o Parque de Exposições, embora sem muita firmeza, além da forte resistência de setores do agronegócio, o que levou a idéia lançada pelo prefeito, apoiada por um projeto bem elaborado e acompanhado de todos os esclarecimentos sobre sua viabilidade e investimento, da ordem de R$ 123 milhões, a se colocar como solução definitiva para o impasse.

Ao sugerir que um outro Centro de Convenções será construído pelo governo no mesmo Parque de Exposições, sem maiores detalhamentos da proposta, e indicar que o prefeito deveria estar preocupado com investimentos em educação e saúde, ao invés de apostar na construção do equipamento no antigo Aeroclube, o governo não só demonstrou que ficou à reboque da Prefeitura no quesito como ainda deu a ACM Neto o argumento que ele queria para se apresentar como “o cara”, como já o chama o trade turístico. Espera-se que Rui Costa, que é um bom governador e tem crédito junto à população, tire do caso a lição de que, sem uma boa equipe, fica difícil avançar e concorrer com o prefeito por idéias.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia, de autoria do editor Raul Monteiro.

Raul Monteiro*
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