12 de setembro de 2017 | 18:58

Parlamentares reagem à escolha de Marun como relator da CPMI da JBS

brasil

Após a confirmação do nome do deputado Carlos Marun (PMDB-PR) para a relatoria da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) criada para investigar irregularidades envolvendo o grupo JBS, dois senadores – Otto Alencar e Ricardo Ferraço – pediram para deixar o colegiado em protesto pela escolha. Logo que o presidente da CPMI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), anunciou o início dos trabalhos, o senador Otto Alencar (PSD-BA) pediu a palavra para criticar o que chamou de “CPI chapa branca”.Apesar dos apelos de Ataídes para que se acalmasse e continuasse ouvindo os colegas, Otto Alencar deixou a sala da comissão. “O testa de ferro do Temer na Câmara, que é o Carlos Marun, é o relator. Então você acha que vai acontecer o que com o Temer? Absolutamente nada. Ele está envolvido nas denúncias de corrupção da JBS, ele foi gravado, tem a fala dele dizendo coisas que não deveria dizer”, denunciou o parlamentar, em entrevista à imprensa após deixar o local.A CPMI foi instalada para investigar as operações da JBS e da holding J&F com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além de apurar as condições em que foi firmado o acordo de delação premiada entre os executivos da companhia e o Ministério Público Federal no âmbito da Operação Lava Jato. Na semana passada os executivos da J&F Joesley Batista e Ricardo Saud tiveram os benefícios da delação suspensos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.Um dos principais aliados do presidente Michel Temer, Marun disse que não se sente impedido de assumir a relatoria, apesar de ter recebido, de forma indireta, recursos financiados pela JBS em sua campanha. “Eu me sentiria impedido se eu tivesse relação estreita com a JBS, coisa que eu não tenho. Então, me sinto completamente à vontade e tranquilo para o exercício dessa relatoria. Tenho uma relação estreita com o governo. Mas eu vou atuar em cima da verdade”, declarou Marun antes do início da reunião.Mais cedo, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) já havia pedido a retirada do seu nome como integrante do órgão alegando que o objetivo da CPMI não é investigar e sim “fazer acerto de contas”. O senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) também estuda deixar a comissão, mas disse que pode continuar a colaborar com a “amplíssima minoria” para fazer as denúncias “na medida do possível”.

Estadão
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