06 de setembro de 2017 | 18:01

“Morte política” dos Vieira Lima pode colocar PMDB no colo de Imbassahy

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A decretação da “morte política” da família Vieira Lima, como vem sendo encarada pela classe política a descoberta pela Polícia Federal de um bunker onde o ex-ministro Geddel (PMDB) supostamente mantinha escondidos R$ 51 milhões, deve reanimar os planos do ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) de ingressar no partido e, eventualmente, inclusive assumir o seu controle na Bahia.

A análise circulou hoje em meios políticos importantes de Brasília, um dia depois da revelação de que o peemedebista possuía, guardada num apartamento de um amigo, uma verdadeira fortuna cuja origem não foi até agora explicada, mas seria originária de propina. Imbassahy consumaria seu plano com a ajuda de Michel Temer (PMDB), de quem se tornou um auxiliar imprescindível, segundo se comenta na Esplanada dos Ministérios.

Junto com o presidente da República, ele teria avaliado que o PMDB perde naturalmente sua representação mais importante na Bahia, formada pelos irmãos Lúcio e Geddel Vieira Lima, depois do “estouro” do bunker atribuído ao ex-ministro. Para quem analisa os últimos fatos sob esta perspectiva, como irmão, Lúcio também teria saído ferido de morte no episódio, o que significa que pode não conseguir sequer se reeleger em 2018.

A análise obedece a uma conclusão unânime: a de que a imagem de tanto dinheiro, ainda mais sem qualquer explicação, atribuído a um político, mesmo que ele seja rico, nunca é bem vista pela população e termina destruindo completamente planos eleitorais, principalmente aqueles que ocorrem tão próximos a fatos que escandalizam a sociedade.

Imbassahy tentara o movimento há cerca de um mês, buscando um espaço onde pudesse viabilizar sua candidatura a senador na chapa que ACM Neto (DEM) deve liderar ao governo, em 2018, mas fora enfrentado pelo próprio Lúcio, que afirmara, na época, para todo mundo ouvir, que ele era bem vindo, mas teria que entrar na fila, se sua intenção fosse sair candidato ao Senado pelo PMDB.

Agora, profundamente enfraquecido por mais um escândalo envolvendo o irmão, o deputado, no entanto, perdera todas as condições de enfrentar o tucano. “O campo está aberto para Imbassahy. Mesmo que lutem e se debatam, os Vieira Lima terão muita dificuldade de se manter no poder no PMDB”, dizia hoje uma fonte do partido ao Política Livre, avaliando que os dois se tornaram figuras “politicamente tóxicas”, dos quais ninguém quer ficar mais perto.

Isso significa que dificilmente Geddel e Lúcio conseguirão exercer o poder que tinham no PMDB para tratar de assuntos estratégicos como as próximas eleições. A mesma fonte lembrava que não foram poucos os aliados e amigos da família que sinalizaram ontem claramente que não poderiam manter apoio a eles depois da descoberta do bunker da Graça.

Um deles, o radialista Mário Kertész, uma das vozes políticas mais influentes da mídia na Bahia, revelando seu choque com o achado da Polícia Federal, chegou a dizer que não havia como explicar a origem da fortuna, mesmo se declarando amigo de Geddel. Kertézs foi candidato a prefeito de Salvador pelo PMDB contra ACM Neto (DEM) em 2012, atendendo a convite do ex-ministro.

A mesma reação de perplexidade teve o vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis, do PMDB, avisando que Geddel teria que pagar pelo que fez. O vácuo seria, portanto, a oportunidade de ouro para Imbassahy não só ingressar no PMDB como assumir o controle da legenda, desde que conte com o apoio do presidente da República.

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