Foto: Evandro Veiga/Correio*
Ex-governador Jaques Wagner 03 de julho de 2017 | 07:46

Wagner nas Relações Institucionais?, por Raul Monteiro

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A desenvoltura política com que o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Jaques Wagner, circulou nos protestos contra o governo Michel Temer (PMDB), na última sexta-feira, e mesmo ontem, durante o cortejo do 2 de Julho, mirando, sobretudo, no prefeito ACM Neto (DEM), a quem dirigiu, entre outras acusações, a de tramar pela ascensão à Presidência da República do amigo e presidente da Câmara dos Deputados, o democrata Rodrigo Maia, reforçou as especulações, que já circulam nos meios governistas, de que ele pode estar de mudança de pasta no âmbito da gestão Rui Costa.

Os comentários são de que o governador estuda a possibilidade de deslocar o amigo e antecessor para a secretaria de Relações Institucionais, onde hoje está aboletado o petista Josias Gomes. Menos pelos resultados dados por Josias, que continua gozando de muito prestígio no governo e da absoluta confiança do governador, mas pela determinação de repetir uma parceria que firmaram na sucessão estadual passada, quando, no entanto, estavam em papéis invertidos: o primeiro mandatário na condição de secretário de Relações Institucionais e Wagner, no papel de governador determinado a fazer seu sucessor.

A bem da verdade, desde que circulou a informação de que o governador pretendia trazer para o governo o ex-ministro do governo Dilma Rousseff, a primeira pasta sobre a qual se especulou que ele iria foi a secretaria de Relações Institucionais, o que implicaria na remoção para outra posição de Josias Gomes. Na mesma época, houve quem opusesse resistência à idéia que posteriormente viria a se concretizar de Wagner assumir um posto no governo, observando que seria muito difícil abrigar sob o mesmo teto um governador e um ex em completa harmonia e, mais importante do que isso, sob o espírito de cooperação mútua.

Ocorre que, neste meio tempo em que Rui e Wagner passaram a ser comandante e comandado, apesar de o segundo ter ficado distante das Relações Institucionais, pelo menos oficialmente, os dois não só testaram a experiência de conviverem de novo, em posições hierarquicamente trocadas, como passaram no teste, mostrando a aliados e a adversários que o experimento não só era possível, como pode dar resultados para lá de positivos quando se atua pensando no grupo e numa meta maior, como a de conquistar e manter o poder, na qual elementos desagregadores como vaidade não podem interferir.

A despeito das suspeitas, principalmente dos aliados, de que o experimento poderia não dar certo, o sucesso da parceria retomada foi tão grande que hoje anima os dois a trabalharem a idéia de melhorarem ainda mais a colaboração mútua sob a perspectiva de repetirem a experiência que, no passado, pode viabilizar o sucesso do grupo com a eleição de Rui ao governo do Estado. É possível que o bem-sucedido acordo entre as duas mais importantes figuras do PT baiano tenha se viabilizado pela coincidência de suas personalidades complementares. Não deixa de ser, no entanto, algo que se pode admirar.

* Artigo publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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