24 de julho de 2017 | 08:20

Joesley e o apoio do PT, PCdoB e PDT a Maduro, por Raul Monteiro

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Nada como a liberdade de expressão que enseja, a quem deseja, a prerrogativa de dizer o que pensa, acredita ou deseja, sujeitando-se ao escrutínio, também democrático, de quem se digna a ouvi-lo ou lê-lo. O artigo que o empresário Joesley Batista escreveu neste domingo na Folha de S. Paulo, a título de se defender das infâmias que acredita que o país lhe dirige, é um exemplo clássico da validade e importância do instituto da liberdade de expressão. No texto, Joesley diz o que quer – ou aprova o que seus ghost writers escreveram para ele – sujeitando-se, consequentemente, a que façam dele também o juízo que quiserem.

Felizmente, o empresário está no Brasil e não na Venezuela, um país dirigido há décadas por um grupelho político ditatorial que já passou por cima das garantias democráticas há muito tempo, transformando-se no sujeito da violência contra quem quer que se oponha a seus desmandos e truculência, motivo suficiente para que receba o repúdio de quantos defendam a liberdade e a democracia, caso em que não se enquadram, pelo visto, legendas como o PT, o PCdoB e até o PDT, as quais acabam de assinar um documento de apoio à ditadura de Nicolas Maduro, traindo, naturalmente, todo o seu pendor autoritário.

Do lado do PT a signatária do documento produzido pelo legendário Foro de São Paulo, concebido para promover a aliança e, consequentemente, a vitória das esquerdas na América Latina, foi uma senhora tão conhecida quanto insignificante chamada Gleisi Hoffman, aquela mesma que, na condição de senadora, liderou a ocupação, marmita à mão, da mesa diretora do Senado, em articulação anti-institucional com a CUT. O texto apoiado pelos partidos brasileiros não se limita a defender a elaboração de uma nova Constituição que amplia – exatamente, amplia! – os poderes de um dirigente tresloucado e perverso que se comunica com o fantasma de Hugo Chavez.

O documento exalta o “triunfo das forças revolucionárias na Venezuela” e diz que a “revolução bolivariana é alvo de ataque do imperialismo e de seus lacaios”. Macacos os mordam! Só a título de registro: Avançadinha, Gleisi fez questão de discursar manifestando “apoio e solidariedade” ao governo do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), seus aliados e ao “presidente” Nicolás Maduro “frente à violenta ofensiva da direita contra o governo da Venezuela”. É o fato de estar aqui e não lá que dá a Joesley o direito de se defender publicamente da conspurcada imagem que, em sua avaliação, injustamente lhe pregaram.

Mesmo que não consiga justificar o fato de estar livre e solto, não importa se nos EUA ou em São Paulo, depois de ter participado de um dos mais extensos esquemas criminosos de que se tem notícia, comprando benefícios, isenções e os financiamentos do BNDES que o transformaram, com farto dinheiro público, num dos mais poderosos empresários brasileiros. O fato de tanto ele quanto o procurador geral da República, Rodrigo Janot, vira e mexe, virem-se obrigados a justificar o mais generoso acordo de delação da história nacional que celebraram é apenas a prova de que suas explicações, repetidas, não conseguem cumprir o seu papel.

Raul Monteiro
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