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Mário Pithon obteve liminar para retomar cargo, do qual foi afastado depois de denunciar irregularidades 21 de julho de 2017 | 19:23

Fieb resiste a reintegração de vice e conselheiros, a realizar eleições

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O desembargador Ivanilton Santos da Silva pôs fim à “guerra de liminares” entre o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Baha (Fieb), Mário Pithon, e a presidência da entidade. Reconhecendo o direito do dirigente, afastado depois de denunciar irregularidades na gestão da Federação, o magistrado determinou a imediata reintegração de Pithon, mas a Fieb está resistindo a cumprir a decisão judicial, mesmo já tendo sido citada por oficial de justiça.

Além da reintegração de Pithon, ferrenho opositor de seu estilo de gestão, o presidente Ricardo Alban já ganhou outra dor de cabeça. Um grupo de conselheiros, liderado por Paulo Cintra, presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios, deu entrada administrativamente em pedido de impugnação da convocação das eleições da Fieb, ato executado recentemente pela presidência. De acordo com Pithon, que apoia a medida, o regulamento eleitoral estabelece um rito no qual cabe à comissão eleitoral realizar a convocação.

“O presidente atropelou o previsto no regulamento. Antes da convocação, era preciso formar a comissão para que ela (a comissão) fizesse a convocação e não o próprio presidente”, explica, assinalando o descumprimento dos artigos 6º e 7º do regulamento. Para o dirigente reintegrado, o presidente Ricardo Alban mais uma vez incorre em irregularidades, desrespeitando as regras da entidade para favorecer a si próprio. “Alban é candidato à reeleição e, por ser parte interessada, jamais poderia convocar o pleito eleitoral”, afirma.

Segundo o dirigente, o caso de nepotismo que havia na presidência, denunciado pelo sindicato de panificação, só foi resolvido recentemente porque o Ministério Público determinou a apuração das irregularidades na entidade. Pithon é contundente nas denúncias contra a atual gestão. “Tem diretor com contrato de um milhão de reais com a Fieb. Se não é ilegal, isso é, no mínimo, imoral”, dispara, ressaltando que o Código de Ética vedava antes qualquer tipo de contratação com empresas de dirigentes da Federação.

“Neste tempo em que fiquei afastado pela arbitrária expulsão, fizeram uma reforma no Código (de Ética) para permitir essa imoralidade, para não dizer outra coisa”, assinala o vice-presidente. Segundo ele, em vez de serem atualizados para fortalecer a democracia na entidade, o Estatuto e o Código de Ética, pelo contrário, foram apenas adequados aos interesses presidenciais.

Na avaliação de Pithon, a sua expulsão foi um exemplo disso. “Em nenhum momento as minhas denúncias foram apuradas. Foi-se logo calando a minha voz, sem me dar o direito de defesa. Mas a Justiça tarda, mas não falha”, afirma. Segundo ele, a Fieb está se apequenando com a maneira que vem sendo conduzida. “A imprensa, a sociedade e os poderes públicos precisam abrir os olhos para o que está acontecendo dentro da Fieb, cujo orçamento anual de R$ 600 milhões é superior ao de mais de 80% das cidades baianas”, alerta Mário Pithon, que, em seu retorno, promete lutar para tornar a entidade mais transparente e democrática.

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