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29 de maio de 2017 | 07:37

O candidato mais forte é Maia, por Raul Monteiro

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Todos os nomes que apareceram até agora como alternativas para a disputa indireta à Presidência da República para a hipótese de queda do presidente Michel Temer (PMDB), alguns dos quais aureolados com o rótulo de notáveis, são nada eleitoralmente perto da figura do atual presidente da Câmara, o deputado carioca Rodrigo Maia (DEM). Sem fazer qualquer tipo de alarde ou demonstrar publicamente interesse na posição, Maia é, na prática, o preferido de um contingente que beira a casa dos 400, entre os 513 deputados do Congresso, para virar presidente até 2018.

Isso significa que terá mais votos do que o constitucionalmente exigido para assumir a Presidência do país, depois de ele próprio, no posto de presidente da Câmara, como manda a Constituição, convocar e comandar o processo de eleição indireta para o caso da saída de Temer. As conversas em torno da opção Maia estão, aliás, avançadíssimas em Brasília e, no caso concreto de ele se candidatar, poderá contar com o apoio de partidos que, inclusive, fazem hoje oposição cerrada ao atual presidente Temer, a exemplo do PCdoB e do PDT, que neste caso teriam participação destacada no governo.

Há que destacar a sabedoria dos legisladores que inscreveram o expediente da eleição indireta como rito para o caso da dupla vacância presidencial, hipótese que o país experimentará no caso de Temer cair. Eles carimbaram no texto constitucional a exigência segundo a qual, para se eleger, o novo mandatário terá que contar com a maioria absoluta do Congresso, o qual, no momento mesmo da votação, passa majoritariamente a avalizar a nova gestão, que se inicia com as condições de governabilidade fundamentais a transição tão extraordinária e delicada.

A consolidação da candidatura de Maia e sua eventual vitória não devem assustar a Bahia, cuja interlocução com ele se dará em altíssimo nível por meio da mais destacada liderança política de oposição no Estado e de um deputado federal baiano que tem se sobressaído de forma crescente no ambiente restrito das articulações mais importantes da República, entre as quais se increveu a própria eleição do presidente da Câmara. São eles, respectivamente, o prefeito ACM Neto (DEM), amigo íntimo de longa data do parlamentar carioca, e o deputado federal democrata Elmar Nascimento.

Antes de assumir a presidência da Câmara, Maia chegou a habitar em Brasília, por medida de economia, o apartamento de Elmar, cuja proximidade e empenho pela eleição do democrata o transformaram num dos seus mais diletos confidentes e articuladores. Um sinal de que a já tão carente Bahia não ficará desamparada, no caso de não restar outra alternativa a Temer que não deixar o governo, quer seja por renúncia, impeachment ou, hipótese mais provável, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que julga um pedido da cassação da chapa que ocupou na condição de vice de Dilma Rousseff (PT).

* Artigo publicado originalmente no Jornal Tribuna da Bahia

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