23 de maio de 2017 | 11:29

Ex-presidente da OAB-BA critica “decisão rápida” sobre o impeachment de Temer

bahia

O jurista Saul Quadros, advogado e ex-presidente da OAB-BA, se disse surpreso com a velocidade da aprovação do pedido de impeachment contra o presidente Michel Temer (PMDB). No último sábado, 25 seccionais da Ordem aprovaram o relatório que recomenda que a entidade ingresse com o pedido. O documento será protocolado ainda nesta semana na Câmara dos Deputados. Quadros criticou a quantidade de pedidos protocolados poucas horas após os primeiros vazamentos na imprensa a respeito da delação da JBS.“A minha primeira surpresa é que, logo depois que foi anunciada a delação contra o presidente, vários impeachments já tinham sido preparados. Eu não posso entender como uma ação que tem a responsabilidade de pedir o afastamento de um Presidente da República possa ser elaborada em menos de 4 ou 5 horas. Isso é um negócio estranho. Parece que já existia um conhecimento prévio dessas pessoas que fizeram isso”, diz à Tribuna.O jurista afirmou que o Conselho Federal se comporta da mesma maneira de como se comportou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “Só que também em uma velocidade muito mais rápida do que a outra”, continua Quadros. O jurista afirma que todos têm o direito a defesa diante de qualquer acusação. O ex-presidente da OAB-BA comentou a declaração do atual presidente da seccional baiana, o advogado Luiz Viana Queiroz, que em entrevista à Tribuna ontem afirmou que é preciso fazer um “pacto pela nação” para o Brasil sair da crise.“Eu acho que nós temos que encontrar uma fórmula para resolver esse imbróglio que nós estamos metidos. Se é pacto pela nação, se é a mais ampla Reforma Política possível para essa gente que está aí não poder se candidatar, para poder fazer valer a lei da Ficha Limpa.”, afirma. “’Pacto pelo Brasil’ não significa nada, o que significa é ter vergonha na cara. O político brasileiro precisa ter vergonha na cara”, completa.Saul Quadros criticou o projeto de eleições diretas neste momento, já que a Constituição prevê eleições indiretas: “Eu acho que a saída jurídica neste momento está na Constituição Brasileira, que tem que ser respeitada. A Constituição tem que ser obedecida. Todo mundo invoca a Constituição, mas ninguém a respeita. Nós temos uma carta que deu um trabalho enorme, fruto de um trabalho após o período de Ditadura Militar”.

Tribuna da Bahia
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