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Luiz Eduardo da Rocha Soares 25 de abril de 2017 | 07:05

‘Compliance dos bancos brasileiros é fraco’, diz chefe das contas secretas da Odebrecht

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Ex-funcionário de bancos no Brasil, o executivo Luiz Eduardo da Rocha Soares, o responsável pela rede de mais de 30 contas secretas usadas pela Odebrecht para movimentar propinas e caixa 2 de forma profissional, afirmou à Justiça Eleitoral, que, na sua opinião, “os sistemas de compliance dos bancos brasileiros estão um pouco falhos”. “Porque é daí que você vê da onde sai tanto dinheiro em efetivo. Como é que pode tanto dinheiro circular e o pessoa consegue sacar desses bancos”, afirmou Soares, um dos delatores da Odebrecht, ouvido no dia 8 de março pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na ação contra a chapa presidencial Dilma/Temer, de 2014. Responsável por identificar os bancos no exterior a serem usados pela Odebrecht para movimentação de dinheiro não contabilizado, Soares era que distribuía dinheiro para as contas de doleiros brasileiros, que, em operações de dólar-cabo, enviavam ao Brasil dinheiro para ser entregue a políticos e agentes públicos corrompidos. Entre 2006 e 2014, o Setor de Operações Estruturadas pagou US$ 3,3 bilhões de dinheiro ilegal – boa parte disse em dinheiro vivo no Brasil. Soares explicou ao ministro do TSE Herman Benjamin, relator da ação de cassação da chapa Dilma/Temer que a diferença do Brasil para outros países é que “no exterior, a pessoa não consegue sacar muito dinheiro nos bancos”. “Em relação ao Brasil e em relação a outros países, eu acho que o Brasil teria tudo para ser um dos países com o melhor controle do mundo. Nós temos a melhor Receita Federal do mundo. Não existe no mundo um lugar que tenha um sistema de Receita Federal, de controles como existe aqui, ao contrário de outros países”, avaliou o delator, provocado a a emitir sua opinião sobre o que possibilitava a lavagem de dinheiro de tamanha fortuna em propinas e caixa 2. O tema bancos é um dos focos da Operação Lava Jato. O ex-ministro Antonio Palocci, principal interlocutor do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a Odebrecht, é candidato a delator. Um dos temas em discussão seria a relação dos bancos com os esquemas descobertos a partir do escândalo Petrobrás.

Estadão
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