Foto: Divulgação/Arquivo
Bacelar discursou sob vaias sonoras de petistas e agregados em evento com governador Rui Costa 27 de março de 2017 | 10:32

Vaia em Jonga mostra que apoio a Rui e Temer estão incompatíveis

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A sonora vaia recebida pelo deputado federal João Carlos Bacelar, do PR, o Jonga, na presença do governador Rui Costa (PT), durante evento coalhado de petistas e representantes de movimentos sociais em Serrinha, neste final de semana, é um sinal inequívoco de que está estreitando o espaço para que deputados federais mantenham o jogo de conveniência pelo qual mantêm um pé no governo do petista na Bahia e outro no do presidente Michel Temer (PMDB), em Brasília.

O deputado do PR não é o primeiro a passar pelo constrangimento num evento com Rui Costa. Há pouco tempo, o deputado federal Mário Negromonte Jr. (PP) foi alvo também de protestos em Cícero Dantas, num ambiente que lhe fora absolutamente amigável até o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Assim como o PP e o PR, o PSD é outro partido que vota firme com a agenda de Temer no Congresso, mas na Bahia está sob o abrigo do governo estadual.

Com a queda de Dilma, todos se realinharam em Brasília, mantendo ou re-indicando aliados para postos federais. “Os deputados não querem perceber que as agendas hoje dos governos estadual e federal são incompatíveis. Estar aliado aqui e em Brasília só seria possível num ambiente sem tensão e de compatibilidade de projetos, o que absolutamente não é o caso”, avalia um deputado federal para o Política Livre, prevendo novos ataques a parlamentares nesta condição.

Para a mesma fonte, o fosso tem aumentado porque o PT e os movimentos sociais alinhados ao partido passaram a demonizar quem vota a favor da agenda econômica de Temer, que inclui a aprovação, recentemente, da regulamentação da terceirização e da abertura do pré-sal, e vem propondo reformas como a da Previdência e a Trabalhista. O petismo coloca os deputados favoráveis às mudanças consideradas pelo governo como fundamentais à recuperação econômica do país no rol de traidores do povo.

O protesto contra Jonga ocorreu logo depois de, na semana passada, o deputado ter votado a favor da regulamentação da terceirização. Tanto no caso dele quanto no de Negromonte Jr., não se viu um gesto de Rui Costa no sentido de tentar aplacar a indignação dos militantes petistas. Alguns vêm na postura do governador um possível interesse de Rui em constranger os aliados para que entendam a importância de se colocar contra Temer em Brasília, postura de coerência impensável para a maioria dos políticos.

Se o clima está ruim agora, deve ficar ainda pior quando se aproximar a campanha à sucessão de 2018, principalmente se os partidos que fazem o chamado jogo duplo tiverem candidatos presidenciais concorrentes do petismo e buscarem permanecer com eles e o governo estadual. “A sucessão vai ser acirradíssima. O PT está preparado para descascar em cima dessa turma”, diz um militante petista, prometendo ficar de olho em quem se utilizar do expediente de estar com um pé aqui e outro na canoa de Temer.

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