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23 de março de 2017 | 21:40

Odebrecht comprou tempo de TV para chapa Dilma-Temer, diz delator

brasil

Em depoimento prestado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht Alexandrino Alencar disse que a empreiteira pagou um total de R$ 21 milhões em dinheiro vivo a três partidos políticos para comprar tempo de TV para a chapa de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) em 2014. O dinheiro, proveniente de caixa 2, foi entregue em hotéis e flats.Conforme antecipou o Estado, Alexandrino Alencar disse ao TSE que a empreiteira pagou R$ 7 milhões para cada um desses três partidos: PROS, PCdoB e PRB, em um total de R$ 21 milhões. A reportagem obteve nesta quinta-feira (23) a íntegra do depoimento do ex-executivo da Odebrecht, mantido sob sigilo.De acordo com Alencar, cada um desses três partidos eram chamados por codinomes: PROS era “onça”; PC do B, “vermelho”; e PRB, “doutor”.“Eram inicialmente cinco partidos que houve essa demanda para gente contribuir via Caixa 2, e eu fiquei encarregado de três partidos. Então, três partidos foram feitos por mim, a saber: o PROS, o PCdoB e o PRB”, informou Alencar ao ministro Herman Benjamin, relator da ação que apura se a chapa Dilma-Temer cometeu abuso de poder político e econômico para se reeleger em 2014. Os outros dois partidos do bloco, PDT e PP, tiveram tratativas conduzidas por outros executivos da empreiteira, segundo o relato do delator.De acordo com Alexandrino Alencar, a demanda surgiu do então tesoureiro da campanha de Dilma, Edinho Silva (PT), em reunião ocorrida em 11 junho de 2014, com a presença de Marcelo Odebrecht. O encontro ocorreu no escritório da empreiteira. De acordo com o delator, Edinho chegou com a proposta pronta dos valores a serem acertados e a indicação de que o pagamento seria feito via caixa dois.Questionado pelo ministro Herman Benjamin se havia ficado claro os termos do pedido, Alexandrino foi categórico: “Sim, para a compra dos partidos. E tanto é, depois quando eu contatei as pessoas que o Edinho me solicitou pra falar, era claramente uma compra do tempo de TV, que, se não me engano, isso deu, aproximadamente, 1/3 (um terço) a mais de horário de TV para a chapa.”Fontes que acompanham as investigações consideram o depoimento de Alexandrino Alencar um dos mais delicados para Dilma e Temer, já que em 2015 o TSE mudou a sua jurisprudência e passou a reconhecer a compra de apoio político como uma forma de abuso de poder econômico.

Estadão Conteúdo
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