13 de março de 2017 | 11:06

Crescimento será baixo sem reforma da Previdência, diz analista

economia

O economista Paulo Tafner, consultor do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), está convencido de que o Brasil vai cair na armadilha do crescimento baixo caso a proposta de reforma da Previdência não seja aprovada nos pontos centrais propostos pelo governo. Nas suas contas, o Produto Interno Bruto (PIB) seria negativo no segundo semestre, um pouquinho positivo no primeiro, fechando 2017 em torno de zero, e no ano que vem ficaria em torno de zero também. A despesa previdenciária, que cresce num ritmo três vezes maior que a receita tributária, vai comer o orçamento da União. “Vamos entrar numa enorme crise fiscal e o governo vai ter de ou emitir títulos públicos, ou imprimir dinheiro, ou simplesmente cortar benefícios”, diz o especialista em sistema previdenciário e contas públicas.Em qualquer dessas opções, seria dramático. “Ao emitir dívida, o governo aumenta o risco Brasil e, portanto, vai ter de subir a taxa de juros, o que obriga o Tesouro a pagar mais pelo serviço da dívida. Quando ele gira a maquininha e faz papel moeda, também gera inflação, que é uma violência aos mais pobres.”O problema mais grave, no entanto, é o desmonte dos investimentos, que provoca uma restrição na oferta de produtos e serviços. Num cenário como esse, sobra muito pouco ou nenhum dinheiro para o governo gastar com educação, saúde, justiça, segurança e infraestrutura. O setor privado também fica avesso ao investimento.”A gente não vai sair da rotina de um país de renda média, só que vamos ficar velhos com renda média baixa”, avalia o economista, ao citar que a taxa de envelhecimento da população brasileira é de 4% ao ano. “Crescimento zero com 4% a mais de gente entrando na Previdência só pode estrangular o País.”Hoje, o INSS já consome 41,8% da receita corrente líquida da União. Em 2020, vai para 51,7% e em 2015, sobe para 63,3%. Em 2035, os gastos previdenciários com trabalhadores da iniciativa privada vão consumir 87% da receita. “As pessoas não estão se dando conta, mas a bomba relógio da Previdência já começou a explodir em muitos Estados. Mais de dois terços do déficit dos orçamentos estaduais é previdência.”

Estadão Conteúdo
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