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Neto e Rui ainda conseguiam se entender no carnaval do ano passado 03 de março de 2017 | 12:49

Marcado por provocações, Carnaval 2017 deixa Rui e Neto ainda mais distantes

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A declaração do prefeito ACM Neto (DEM) afirmando ter sido vítima de provocações “sucessivas e contínuas” por parte do governo do Estado no carnaval ampliou ainda mais o fosso no relacionamento entre ele e o governador Rui Costa (PT), relataram hoje ao Política Livre fontes do governo.

Para as mesmas fontes, podem ser entendidas como provocações as ações da Prefeitura de retirar a plotagem dos chamados portais de abordagem, uma iniciativa pioneira do governo para controlar melhor a segurança na folia, e de – “cúmulo dos cúmulos” – determinar a apreensão de cervejas no camarote do governador.

Doado, o produto era de uma marca diferente daquela do patrocinador da festa, motivo alegado pela Prefeitura para tentar apreender as bebidas. O episódio acabou produzindo um forte desentendimento entre o presidente da Bahiatursa, Diogo Medrado, e o secretário municipal de Turismo, Isaac Edington.

Os dois eram os canais de interlocução principais entre governo e Prefeitura e chegaram a romper em plena folia, apesar de terem reatado quando os ânimos esfriaram. Diogo protestou contra o que considerou uma ação truculenta da Prefeitura, o que Edington não gostou de ouvir. O carnaval foi iniciado em tom tenso entre as duas esferas de poder.

Além do clima de concorrência que tem como pano de fundo a sucesssão de 2018, Rui acha um despautério a festa durar 10 dias, como Neto insiste em fazer. Logo no início da folia, representantes de ambos chegaram a entabular um entendimento. O motivo fora o slogan “Bem Vindo ao Carnaval da Bahia”, usado pela comunicação do governo.

Um preposto de Neto ponderou que a marca excluía Salvador. O representante de Rui concordou em mudá-la, mas foi surpreendido pela notícia de que a Sucom, órgão da Prefeitura, iniciara a retirada da plotagem do governo dos portais de abordagem. A consequência foi a interrupção das conversas, secundada pela iniciativa da Prefeitura de apreender as cervejas no camarote do governo.

A desforra veio no desfile do Ylê Ayê, no qual o prefeito recebeu uma sonora vaia que seus assessores identificaram como orquestrada. Um dos símbolos da resistência negra no carnaval de Salvador, o bloco teria formação marcadamente esquerdista e aproveitou a ocasião também para protestar contra o governo Michel Temer (PMDB), de quem Neto é aliado.

Reservadamente, aliados do governador dizem ter adorado “a manifestação” do Ylê, embora aleguem que não tenham tido nada a ver com ela.

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