22 de março de 2017 | 07:32

Após Carne Fraca, deputados da UE tentam frear acordo com Mercosul

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Deputados europeus pressionam a Comissão Europeia para que freie as negociações com o Mercosul diante da fraude na carne brasileira, enquanto autoridades veterinárias de Bruxelas criticam de forma dura a gestão do governo de Michel Temer em relação à crise e fazem até novas ameaças.A Agência Estado apurou que a Comissão Europeia se reuniu com deputados do bloco e indicou que pode ampliar o embargo contra produtos brasileiros se constatar irregularidades em novos testes que irá realizar. Em todos os portos do continente, autoridades estão colhendo amostras de carnes brasileiras e outros produtos que estejam entrando no mercado europeu. Se ficar provado que existem problemas de saúde nesses carregamentos, a UE deixou claro que “não hesitará em tomar novas medidas”. Na próxima semana, conforme a Agência Estado já havia revelado, o comissário de Saúde do bloco Vytenis Andriukaiti estará no Brasil para tratar da crise.”Se o Brasil não nos der garantias e se vermos que o problema é sistêmico, haverá consequência”, disse Michael Scannell, chefe do escritório de Veterinária da Comissão Europeia. Segundo ele, Bruxelas pediu que todos os governos do bloco elevassem os controles sobre alimentos de origem animal importados do Brasil. “Pedimos maiores controles físicos e a inclusão de controles de higiene”, disse, indicando que um primeiro resultado desse esforço será conhecido na sexta-feira.A pedido da Europa, o Brasil suspendeu as exportações de quatro estabelecimentos envolvidos na Operação Carne Fraca. Mas, durante a reunião em Bruxelas, Scannell admitiu que, no passado, “fez auditorias no Brasil e encontrou problemas”. “No setor de carnes, continuamente temos alertado sobre problemas ao longo de anos”, disse.No setor bovino, apenas “um número pequeno de estabelecimentos” pode exportar hoje. No caso da carne suína, o chefe dos veterinários insiste que o Brasil “fracassou nas auditorias” e nenhum grama de carne entra. Mesmo entre as empresas brasileiras autorizadas a exportar, a UE confirmou que registrou ao longo dos anos 47 casos de irregularidades.

Estadão Conteúdo
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