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09 de março de 2017 | 09:39

A crise que o PSL ainda pode criar, por Raul Monteiro

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A sucessão à presidência da Assembleia Legislativa legou ao governador Rui Costa (PT) um problema de bom tamanho a resolver. Trata-se do movimento iniciado pelos seis deputados do PSL que se dissociaram da liderança do ex-presidente Marcelo Nilo, representante mais destacado da legenda no Estado, desde a mudança no comando da Casa, e passaram agora a cobrar espaço no governo. Eles alegam não se sentirem representados na secretaria estadual de Administração Penitenciária e na Embasa, dois órgãos cujo comando foram indicados por Nilo.

Esta semana, os seis parlamentares do PSL deixaram claro que a movimentação em torno do projeto de abocanharem seu espaço próprio no governo é séria. Através de uma proposta para que passassem a integrar um bloco na Assembleia, criaram uma confusão sem tamanho na Casa, que acabou, inclusive, produzindo desgastes inesperados na base. É evidente que não iniciaram a discussão sem conhecimento do regimento da Assembleia, que só permite a formação de bloco entre mais de um partido com representantes no Legislativo.

O que eles pretendiam, portanto, era chamar a atenção e nesse particular foram bem sucedidos, recebendo, inclusive, apoio diplomático do líder do governo, deputado estadual Zé Neto (PT), que não quer incentivar a criação de arestas nem vê-las transformadas logo mais numa crise. A conta que os descontentes do PSL faz não foge à lógica da política de coalizão, em que partidos abocanham nacos de poder nos governos que apóiam na mesma proporção de sua força no Parlamento, normalmente dada pela quantidade de parlamentares que possuem.

Por este princípio, eles não estão sequer sub-representados. Simplesmente não existem enquanto aliados. E parecem dispor de inúmeros dados para reforçar a tese de que, do jeito que está, não dá para ficar. Tirando o caso do próprio Nilo, que tem uma lista de inúmeros serviços prestados aos governos petistas que pode justificar a manutenção do espaço que conquistou enquanto era o todo-poderoso presidente da Assembleia, há inúmeros outros de partidos com pouquíssimos representantes no Legislativo que têm espaço significativo no governo Rui Costa.

O caso do PDT, partido do deputado federal Félix Mendonça Jr., é clássico. A legenda tem apenas um deputado estadual. Não obstante, indicou o secretário de Agricultura, a CBPM, o Ibametro e vários cargos na Seap. O PSB, da senadora Lídice da Mata, é outra sigla da base que não fica atrás em termos de espaço, apesar da baixa representativa na Casa. Com apenas dois deputados estaduais, tem a secretaria estadual de Ciência e Tecnologia, a Junta Comercial e a Fundação de Apoio à Pesquisa. Enfim, os deputados do PSL não se acham hoje apenas “fora” do governo. Eles sabem que há muito espaço para integrá-lo.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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