Foto: Facebook/Gilmar Souza
Igor Kannário, o príncipe do gueto, é apenas mais um súdito na Câmara Municipal de Salvador 07 de março de 2017 | 10:17

A aventura do mandato de Kannário está só começando

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Agiu corretamente o vereador José Trindade (PSL) ao ter pedido providências contra o colega Igor Kannário, autor de críticas duras à Câmara Municipal no calor do carnaval, onde, como artista popular convertido ao mesmo tempo recentemente à política e ao populismo, transformou-se pelas ruas da cidade num verdadeiro “príncipe do gueto” com toda a “licença poética” que a condição lhe confere.

Ocorre que Kannário, entretanto, não deve ser criticado sozinho. É evidente que foi induzido a concorrer à vaga de vereador com pouquíssimo preparo sobre como se conduzir com decoro, algo que não faz parte, normalmente, do vocabulário de artistas, principalmente daqueles que se devotam e constróem boa parte de sua fama criando polêmicas, como é o seu caso.

Na verdade, fundamental é saber quem esteve e está por trás do projeto político que o colocou no Legislativo municipal. Sem entrar no mérito do valor artístico de Kannário, a própria história da Câmara confere pouca esperança ao eleitorado sobre quem, estando do lado oposto da avenida, resolve atravessá-la para se integrar à complexa fauna que habita o Legislativo da cidade.

Vejam o caso do poeta e músico Gilberto Gil. Não tivesse sido pela Onda Azul, uma ONG que cumpriu o papel com anos de antecedência de chamar a atenção para a importância do tratamento do lixo e das praias, seu mandato teria passado em branco. Simplesmente, não era a sua ser político e, como figura extramente inteligente, Gil compreendeu a aventura no curso de um mandato apenas.

O tropicalista tinha, no entanto, um projeto político próprio, que era o de se tornar prefeito de Salvador, o qual abandonou sabiamente com a mesma agilidade com que se desfez de sua passagem pela Câmara. Dados os sinais trocados que devem estar se transmutando na cabeça de Kannário com a velocidade típica dos artistas, não se deve aguardar paz em sua condução na Praça Municipal.

Pelo contrário, mais conflitos se avizinham, a menos que se reprima seu direito de falar, criar e naturalmente criticar. Mais uma vez: será que a culpa é do vereador ou de quem concebeu tamanha aventura política? A população de Salvador tem tudo para assistir ao seu desfecho de camarote.

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