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Ex-presidente Lula é candidato em 2018 13 de março de 2017 | 09:26

A aposta alta na candidatura Lula, por Raul Monteiro

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É alta a aposta que os petistas fazem na candidatura do ex-presidente Lula à sucessão presidencial de 2018. Ela baseia-se basicamente no fenômeno eleitoral em que o ex-presidente transformou-se, o qual só vem sendo confirmado pelas últimas pesquisas de intenção de voto, depois de tudo o que já se revelou sobre ele e seu partido. Mas não leva em conta as condições políticas e jurídicas de que o petista disporá, no próximo ano, para lançar-se na disputa. Afinal, Lula é hoje alvo de cinco ações penais – três das quais na Operação Lava Jato, onde tem no seu encalço o temido juiz Sérgio Moro.

Portanto, é mais do que real a possibilidade de uma eventual condenação em segunda instância, o que transformaria o ex-presidente num ficha suja que não poderia concorrer às próximas eleições. Sem Lula no páreo, o que seriam das candidaturas que o PT pretende lançar aos Estados dentro do plano de manter-se vivo a partir do próximo ano? Não contariam com nenhuma alavanca para enfrentar as eleições, rompendo uma tradição de anos no Brasil em que os candidatos presidenciais puxam naturalmente os nomes de seus partidos nos Estados?

Não converse com um petista sobre qualquer plano B. Ele lhe assegurará que não tem, que Lula é o único nome de que o partido dispõe para 2018 e que nada obstacularizará o projeto da sigla para voltar ao poder que perdeu depois que uma sucessão de erros, equívocos e trapalhadas tirou a presidência da República das mãos de Dilma Rousseff, por meio de um impeachment, treze anos depois que a agremiação colocou um operário, na condição de presidente, no Palácio do Planalto. Na verdade, o plano B até que existe, por mais que dele tenham vergonha os petistas.

Ele poderia ser representado pelo ex-ministro Ciro Gomes, do PDT, que só reserdamente alguns petistas admitem como alternativa à Presidência da República, na hipótese de Lula vir a ser excluído da disputa principalmente devido a uma condenação judicial. Para se viabilizar como nome do partido, Ciro teria que montar uma chapa na qual o candidato a vice seria o ex-prefeito de São Paulo, o petista Fernando Haddad. A saída Ciro está longe, no entanto, de representar qualquer segurança aos petistas ou seus aliados que se aventurem a disputar as eleições de 2018 nos Estados.

Não é o caso de governadores que encararão a reeleição, a exemplo de Rui Costa, na Bahia. É óbvio que, associado à candidatura Lula, o projeto reeleitoral de Rui pode ser considerado imbatível, levando, ao que se comenta, adversários já consolidados, como o prefeito ACM Neto (DEM), à estratégia reavaliar seu interesse em concorrer ao governo. A ausência de Lula na disputa, entretanto, não representaria nenhuma grande dificuldade para o governador, já que, segundo os petistas argumentam, o petista tem muito a mostrar à população no sentido de pedir seu apoio para continuar governando.

* Artigo publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia.

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