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Coronel acena para a galeria na Assembleia no dia em que foi eleito 06 de fevereiro de 2017 | 07:50

O plano de unidade entre PP e PSD, por Raul Monteiro

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Um jantar promovido pelo novo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Angelo Coronel (PSD), em sua casa, na última sexta-feira, para as bancadas do seu partido e do PP, serviu para reforçar o plano das duas legendas de manterem a aliança na Casa e no Estado, depois da bem sucedida unidade que experimentaram para a sucessão no Poder Legislativo baiano que resultou em sua vitória. É o que se pode depreender dos discursos ouvidos no evento, ao qual estiveram presentes, além dos deputados estaduais e federais das duas legendas, o vice-governador João Leão e o senador Roberto Muniz, pelo PP, e o senador Otto Alencar, do PSD.

Ao jantar, compareceu também o deputado Alan Castro, que representou ainda seu colega do PSL Manassés, o qual se encontrava viajando. Integrantes do partido do ex-presidente Marcelo Nilo, os dois deputados protagonizaram uma espécie de turning point na campanha à presidência da Casa, criando as condições para que Coronel se tornasse efetivamente competitivo no pleito a partir do momento em que anunciaram apoio à sua candidatura. Em complemento, já negociaram um acordo informal para votar conjuntamente com o PSD no Legislativo, ao qual só não se filiarão por impedimento da legislação.

Embora os representantes do PP e do PSD não tenham tratado diretamente da sucessão de 2018, é natural que suas atenções estejam focadas no pleito futuro e que a idéia de atuarem a partir de agora sob um interesse comum faça parte, naturalmente, de seus planos, por mais que as posições de ambos os partidos na chapa com que o governador Rui Costa (PT) disputará a reeleição, no ano que vem, tenham sido imensamente reforçadas com a perda do comando da Assembleia Legislativa por parte do deputado Marcelo Nilo (PSL), cujo interesse maior era integrá-la na condição de candidato numa de suas duas vagas ao Senado.

Apesar de a vitória de Coronel ter sido assegurada no momento em que a oposição decidiu bancar sua candidatura, não resta dúvida de que foi a postura de lealdade emprestado pelo PP ao PSD que deu as condições para que, efetivamente, ela se expressasse na eleição do novo presidente do Legislativo baiano. Afinal, no momento em que pressentiram o naufrágio da candidatura de Nilo, operadores do governo Rui Costa ainda lançaram uma ofensiva sobre o então candidato do PP, o deputado Luiz Augusto, como forma de construir uma terceira via para a sucessão na Casa.

Diante da proposta, o parlamentar disse que só aceitava retirar sua postulação desde que o nome alternativo fosse o do companheiro do PSD, confirmando uma aliança tática que os dois haviam formalizado para a disputa pela qual aquele que reunisse as melhores condições para ganhar a eleição contra Nilo seria apoiado pelo outro. Diante da resistência de Luiz Augusto, uma investida mais ousada tentou convencê-lo a abandonar Coronel e assumir, ele próprio, a candidatura contra o ex-presidente com o apoio do governo. Uma nova negativa garantiu o resultado que foi comemorado pelos dois partidos na última sexta-feira.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia.

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