25 de fevereiro de 2017 | 10:15

Após depoimento de Yunes, PGR deve investigar Padilha

brasil

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deverá pedir a abertura de um inquérito para investigar o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, citado em delação do ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho e no depoimento espontâneo do advogado José Yunes. Amigo e ex-assessor especial do presidente Michel Temer, Yunes disse que atuou como “mula involuntária” de Padilha ao receber um “envelope” do operador financeiro Lúcio Funaro. As declarações fragilizaram a situação de Padilha no Palácio do Planalto e abriram uma nova crise no governo. Em dezembro, a Coluna do Estadão informou que Funaro entregou a Yunes R$ 1 milhão em espécie, quantia proveniente do caixa 2 da Odebrecht, a mando de Padilha. Após vir à tona a delação de Melo Filho, Yunes deixou o governo. As declarações do ex-assessor aumentaram as articulações no governo para que Padilha deixe o cargo após a licença que ele tirou para tratar sua saúde. Ele passa por exames finais pré-operatórios em Porto Alegre e deverá ser submetido a uma cirurgia até segunda-feira. Para tanto, tirou uma espécie de “licença informal”, sem oficializar qualquer afastamento temporário. O ministro avisou que pretende retornar ao trabalho em Brasília em 6 de março. Embora a investigação já estivesse prevista no grupo de trabalho de Janot desde que o ministro foi citado na delação de Melo Filho, a avaliação na PGR é de que o depoimento de Yunes reforçou a necessidade de que Padilha seja alvo de inquérito. Nos bastidores, o procurador-geral costuma revelar que nenhuma citação feita nas delações que indique suposto cometimento de crime deve ficar sem abertura de investigação. A solicitação para investigar Padilha deverá estar no pacote que Janot pretende encaminhar ao Supremo Tribunal Federal após o carnaval com base nas delações de 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht. Yunes esteve na semana passada no Ministério Público Federal e afirmou que recebeu uma encomenda de Funaro em setembro de 2014, pouco antes da reeleição da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer. Funaro é apontado por investigadores da Operação Lava Jato como operador do ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atualmente preso em Curitiba.

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