Foto: Reprodução/Ag. A Tarde
23 de janeiro de 2017 | 08:23

O prazo dado à candidatura de Nilo, por Raul Monteiro

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Depois de ter finalizado a reforma administrativa, que muitos acreditam não ter ficado pronta e acabada, há sinais de que o governo deve se voltar agora para a sucessão na presidência da Assembleia Legislativa, onde parecia não querer meter a mão em cumbuca. As sinalizações começaram há duas semanas, quando também se desenrolavam as tratativas para a montagem final da reforma. Primeiro, houve sugestão para que os três concorrentes à presidência da Casa, incluindo aí o presidente e candidato à reeleição, Marcelo Nilo, do PSL, se submetessem a uma prévia para definir um nome entre os três.

Por razões óbvias, Angelo Coronel, nome do PSD, e Luiz Augusto, candidato do PP, pularam fora da proposta, por avaliarem que, de largada, com os apoios que já conseguiu arregimentar, Nilo sairia vencedor da consulta. Uma nova tentativa em torno de um acordo que não produza sequelas na base foi proposto na semana passada, quando o governo convidou os deputados para uma reunião no Palácio de Ondina. O encontro se desenrolaria às 16 da última quinta-feira, com os preparativos para a reforma ainda no forno, mas também por falta de adesão do PP e PSD à sugestão acabou sendo igualmente abortado.

A iniciativa mais recente também não deixa dúvidas de que o movimento na Casa Legislativa é mantido sob o foco do governo. Preocupado em não ser metido numa enrascada na disputa que se torna cada vez mais acirrada na Assembleia, na qual já se envolveram até o pescoço nomes como o senador Otto Alencar, do PSD, o vice-governador João Leão, do PP, defendendo o interesse dos candidatos de seus partidos, e o próprio presidente da Assembleia e a senadora Lídice da Mata (PSB), uma de suas aliadas neste processo, o governo decidiu sugerir que Marcelo Nilo apresente suas credenciais para a disputa no próximo dia 26.

A idéia é que o presidente reúna publicamente, com o compromisso de voto nele no dia 2 de fevereiro, 30 dos 42 deputados da base governista. É o número total de deputados governistas sem os membros do PSD e PP, que, apesar de integrarem a base do governo, estão fechados com seus respectivos candidatos. Com os dois votos, dos 21 da oposição, que já estão comprometidos com ele, Nilo completaria o score de 32 votos, necessários para que vença a disputa contra os dois colegas da base. O desafio do presidente parece pequeno, mas não é.

Só muito poder de convencimento para tirar a grande maioria dos deputados da base de suas férias, muitas vezes com a família, neste período de recesso, para assegurar sua presença em Salvador no dia 26. Ainda mais tendo adversários tão articulados como Coronel-Otto e Luiz Augusto-Leão. E no caso de o presidente da Assembleia não conseguir reunir no mesmo espaço no dia 26 o número considerado mínimo para demonstrar a viabilidade de sua candidatura? O governo estaria disposto a pagar o preço de expor a fragilidade de um aliado tão importante, bancando alguma nova alternativa? Só esperando até esta quinta-feira.

* Artigo publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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