Foto: Estadão/Arquivo
Ministro Marco Aurélio Melo 07 de dezembro de 2016 | 09:26

O mais novo vexame da República

exclusivas

O ministro Marco Aurélio Mello poderia ter poupado o país, o Supremo Tribunal Federal e a si próprio de tamanho vexame. Afora mergulhar o Brasil em mais uma crise, esgarçando ainda mais as relações entre os Poderes e reforçando a idéia de que se vive mais e mais numa Republiqueta, sua decisão de afastar Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado só produziu a sensação de desrespeito a ele próprio e ao Judiciário.

Reunindo a reação dos colegas ao que foi considerado quase à unanimidade uma ingerência indevida no Legislativo, Renan partiu para o enfrentamento e levou a melhor. Não só permaneceu imóvel no cargo, como aguarda com conforto a decisão de logo mais à tarde em que o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), esta sim a instância adequada para a decisão relativa ao presidente de outro Poder, escolha o que fará com ele.

Neste meio tempo, o palco é das especulações e há para todos os gostos: a de que Renan pode ser afastado pelo conjunto dos ministros ou mantido, ainda que sem poderes de assumir a presidência da República em caso de vacância do titular por ter sido transformado em réu pelo próprio Supremo. Renan está longe, muito longe, de representar o modelo de parlamentar que o país merece, deseja ou de que precisa. Não há quem o defenda.

Com sua atitude, entretanto, Marco Aurélio Melo deixou claro que pode ter tido inúmeras razões para tomar decisão tão surpreendente, capaz de colocar em confronto aberto dois poderes da República num dos momentos mais críticos da história do Brasil. Nenhuma delas, entretanto, parece ter levado em conta o espírito público de que, como um dos altos representantes da Suprema Corte, ele deveria ser guardião.

Comentários